“(..)O melhor antídoto para a
contenção, a resposta aos moralizadores patenteados, é embarcar numa longa
marcha. Foi o que Thoreau sempre fez – e seu ensaio Walking (caminhada) é
inspirador. Caminhar era também a paixão (do poeta inglês) William Wordswoth
(que aos 70 anos, ainda subia ao Helvelyn, o topo do Lake District no Nordeste
da Inglaterra). Na sua juventude, o realizador Werner Herzog partiu para percorrer
800 quilómetros a pé, de Munique a Paris, até à cabeceira da sua amiga Lotte Eisner,
famosa crítica de cinema. “O turismo é um pecado mortal, mas caminhar é uma
virtude”, diria ele mais tarde.
A marcha não é proibida pelo Centro
de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) nem pelo Governo (norte-americano). É
uma expressão de liberdade absoluta e pode ser praticada sozinha, em total
segurança, perto de casa, ou em solidão fora das cidades. Uma das grandes
vantagens de caminhar é que nos dá tempo para reflectir – sobre as nossas
vidas, o nosso destino, o estado do mundo, e para pôr a nossa mente em ordem. O
preceito latino Solvitur ambulando é o nobre lema do pedestre: “É caminhando
que se encontra a solução.”
Paul
Theroux. in The
Wall Street Journal, publicado em Courier Internacional, Junho 2020.
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