domingo, 14 de setembro de 2025

Yuzín: Setembro está aí!


      O mês já vai a meio mas é sempre bom tê-la por perto. A Yuzín éuma agenda dos eventos culturais que se acontencem em São Miguel e em Santa Maria, destacando também figuras da cultura regional. Como não seria de esperar outra coisa, deu destaque à inauguração da exposição "Existe Luz na Sombra", no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande, dedicada à artista madeirense Lourdes Castro, bem como, lá para o fim do mês, à Bienal do Walk and Talk, este ano sob o tema de "Gestos de Abundância". 

Os Transportes....

        A pesquisa foi realizada entre Maio e Setembro de 2024 e contou com 833 respostas válidas, abrangendo as Ilhas de São Miguel, Terceira e Faial.
  Em São Miguel, que representa 35,8% das respostas, as principais preocupações dos inquiridos em relação ao turismo prendem-se com a necessidade de melhorar a rede de transportes públicos, reduzindo a dependência do aluguer de automóveis, e de limitar o acesso de não residentes a determinadas zonas balneares, como a Ferraria. (...)
    Na Terceira, que representa 32,8% das respostas, os residentes destacam também como prioridades a melhoria da rede de transportes públicos, com mais rotas e horários, e a necessidade de supervisionar o desenvolvimento turístico da ilha(...)
     Já no Faial, que corresponde a 31,8% das respostas, as maiores  preocupações prendem-se com a melhoria da rede de transportes públicos e a supervisão do desenvolvimento turístico da ilha, a limitação do número de turistas na época alta  com a promoção da época baixa e com a formação de profissionais do sector (...)

                             in Açoriano Oriental, 10 de Setembro de 2025

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

24 Hour Party People: Saudades de Manchester!

     Num lugar público que passei a frequentar, encontro o DVD de "24 Hour Party People", de Michael Winterbottom, editado em 2002. Aparentemente intacto, envolto num plástico, com um aviso na parede - "Pode levar, 0 euros". Ao pensar em rever o filme, penso na forma de convertê-lo em ficheiro sem ter que recorrer a Compact Disc, pois já não o possuo. Dou por mim a pensar na emoção registada aquando de ter visto o filme pela primeira vez e na sensação de ter, à distância, imaginado a festa que foi o aparecimento deste movimento musical de Manchester. "Madchester" caracterizou-se pela mistura de vários estilos musicais que ia do rock alternativo à dance music, com laivos de indie rock e psicodelia, tudo servia para celebrar esses anos loucos que durariam cerca de duas décadas. Tony Wilson, aqui representado por Steve Cogan, é o impulsionador deste foguete de largo espectro que revolucionaria a música pop e a edição (que saudades da Factory!!!), no fundo Wilson foi um visionário, um sinalizador ou caçador de de talentos que colocaria para sempre a cidade de Manchester no mapa da cena musical. O filme acabaria por retratar essa efervescência - vivida e sentida no Club Hacienda - mostrando o ambiente divertido e frenético dessa aventura. Passados tantos anos, ainda hoje há ecos dos Joy Division, New Order, Clash, Buzzcocks, Durutti Column ou mesmo dos Certain Ratio. Vamos já ouvi-los! 

Ontem, escrito numa parede da cidade

 Andes por onde andares virás sempre morrer à quebrada 

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Misericórdia de Lídia Jorge

       Misericórdia retrata o diário do último ano de vida de uma mulher idosa num lar, de seu nome "Hotel Paraíso". Lídia Jorge escreve sobre esta mulher sem grande mobilidade física e os detalhes  das existências em redor. A escritora tece, assim, um testemunho sobre a velhice e a experiência humana de quem já só pode contemplar o mundo a partir de uma morada inventada, pois tal como diz a narradora: "Exílio. Não há mais nada que seja só meu, nem o meu corpo, nem o meu espírito."

O Jornal de Rui Frias

Fotografia de Mário Cruz, Lusa. 

   «Bob Woosward e Carl Bernstein impactaram os jornalismo como Pelé o futebol, os Beatles a música. É deles o gol de placa dos jornais, a mais famosa investigação jornalística da história. O Watergate tornou-os «mais populares do que Jesus Cristo» (tal como se sentia John Lennon no auge da Beatlemania) entre os aspirantes a jornalistas. E serviu para cristalizar a ideia de uma profissão capaz de fazer cair até o presidente da mais poderosa nação do mundo.»

in O Jornal, de Rui Frias, Retratos da Fundação, Fevereiro de 2025

No Jornal Público de hoje...

 

domingo, 31 de agosto de 2025

Burning Summer: África Minha!

     
     A pergunta impunha-se: como chegar a Porto Formoso? Tudo começa com um autocarro da CRP que faz a carreira diária que nos deixa mesmo à entrada da freguesia. A partir daí estamos entregues à natureza e à música, num cartaz que se mantém maioritariamente africano. 
Destaque-se no primeiro dia, dia 29, os concertos do agrupamento caboverdiano Mário Lúcio and The Pan African Band e dos Santrofi, oriundos de Acra, no Gana. O antigo ministro da cultura de Cabo Verde, sempre vestido de branco, provou que continua aí para as curvas. Mário Lúcio tem um crioulo bonito tal como a sua música é uma balança carregada de ondas, ora batem com agitação ora acalmam águas profundas. Os Santrofi trouxeram de forma competente ecos na nova cena musical da capital ganesa. No segundo dia, 30, assistimos ao concerto memorável de Dino Santiago & Os Tubarões, bem como de Bonga, que continua irrepreensível com o seu semba, nada falha, mesmo com a sua longeva idade. Por último, a cantora guineense Fattu Diakité que impressionou pela imponência da sua voz e uma presença magnética em palco. 
        Onze anos depois, o Burning Summer continua mais valioso que nunca, não só pela sua diversidade musical como também pelo enfoque especial que é dado à música de Cabo Verde, país onde brotam músicos e músicas em cada esquina do arquipélago.
       Uma referência, por fim, à utilização das casas de banho no interior do recinto dada a inutilidade da sua diferenciação entre os sexos, pois já não faz sentido a filas sem fim no que toca ao acesso feminino, ou já para não falar das senhas que ficam por consumir por falta de aviso do fecho do bar.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Melancolia do Fim de Agosto

      Há um travo amargo quando Agosto termina, quando nos despedimos deste mês consagrado à lassitude e às cigarras. A rapidez com que este mês da canícula passa sobre nós é equivalente aos novos TGV. Por isso, quando atingimos os seus últimos dias avança sobre os corpos uma nostalgia que nos esmaga, tolhe o raciocínio, trava qualquer racionalidade. É, pois, uma despedida pesada, carregada de tristeza e sentimentos de culpa, sobretudo, por tudo o que ficou por fazer, as promessas por cumprir, os desejos por concretizar. Setembro fará depois o seu trabalho e, quando o Outono de calendário se enunciar, novos sinais de enfrentamento tornaremos claros, se assim o quisermos. 
       Desta feita, nada é mais desolador que o fim de Agosto, os seus despojos e sedimentos, o que ainda resta da voragem do tempo sobre a estação estival. Este começa sempre por afigurar-se prometedor - os seus dias longos e claros - até à contrariedade das manhãs de neblina e das noites carregadas de cacimba, nada se apresenta tão pesado e sombrio como os seus derradeiros dias. Nada nos resta senão fruir com sabedoria esta pequenina fracção deste Agosto por encerrar. Será isso a douta melancolia?

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Livre: Viagem à Albânia com Lea Ypi!

      Um livro pode aproximar-nos de um lugar, de viagens realizadas e de memórias intensas guardadas bem lá atrás do tempo e da existência. O país em questão é a Albânia, situado nos balcãs, no litoral do mar Adriático. Lea Ypi, a autora do livro, é uma professora de Teoria Política na London School of Economics, nascida em Tirana, em 1979. 
    "Livre" é um ensaio que retrata o período antes e pós comunista vividos pela autora e onde o passado familiar imprime uma marca profunda na sua visão do mundo (a autora dedica o livro à avó). E eis que, subitamente, somos transportados até à Albânia e é como se a escrita nos trouxesse de volta essa viagem, esses dias lá passados, uma existência partilhada.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Da Gentrificação

       «Veja-se a origem da cidade, os povos que a formaram, dos fenícios aos gregos, mais tarde os romanos e todos os outros que vieram com a expansão marítima. Lisboa sempre teve árabes e judeus. Tem uma identidade que foi sendo desenhada por essa diversidade de modos de vida e culturas", diz, lamentando o que vê como tentativas de rasurar a identidade múltiplice, substituindo-a por uma ditada esttitamente pelos interesses imobiliários internacionais. "A gentrificação é que é a verdadeira ameaça a Lisboa, não os imigrantes", conclui o vocalista dos Pop Dell´Arte.»

João Peste, in "Gentrificação é que é a verdadeira ameaça a Lisboa, não os imigrantes", Público, 19 de Agosto de 2025.