terça-feira, 30 de setembro de 2025

Clube de Cinema da Ribeira Grande: Rei dos Elfos

         “Rei dos Elfos”, de Goran Radovanovic, foi o segundo filme deste autor a ser  apresentado pelo Clube de Cinema da Ribeira  Grande,  neste retomar das suas sessões semanais, às sextas-feiras, no Teatro Ribeiragrandense a partir das 18h30. O primeiro filme foi “Ambulância”, 2011, que retratava a passagem da Sérvia comunista para o conjunto de democracias europeias, sendo aqui a ambulância o elemento central da narrativa. Já o “Rei dos Elfos”, que conta com as interpretações intensas de Jaksa Prpic e Sara Klimoska, pretende retratar a vida de uma criança de 8 anos, de seu nome Sava, com pai distante a trabalhar nos mares da América do Sul, e onde partilha a vida num apartamento com a mãe e irmão bebé. A vida em Belgrado, no ano de 1999, foi recheada de bombardeamentos da NATO sobre a Sérvia e nem a inocência e a sensibilidade de Sava nos impede de imaginar o caos de um país a viver nos subterrâneos da existência. Com o título sérvio "Bauk", Goran Radovanovic tenta imaginar um futuro sem ódios, guerra e hostilidades através dos olhos de uma criança.

Verso de Tcheka

 ku ronku di mar ti n´doda 

Provérbio

Não há mar bravo que não amansse 

Por Onde Anda a Alma da Cidade?

            "(...) O que falta a esta cidade de escassas duas centenas de milhar de habitantes e um número indeterminado de população flutuante? (cálculo da polução residente nas freguesias urbans segundo o censo de 2021). Falta-lhe visão e planeamento urbano. Falta-lhe vida económica e cívica. Falta-lhe habitação a custos acessíveis. Falta-lhe uma política cultural que ultrapasse o mero entretenimento, projectada para a criação artística e para a valorização do património. Falta-lhes espaços verdes de proximidade. Falta-lhe educação, participação democrática, bem estar e desenvolvimento ético como única via para "curar" a cidade por meio da "alma" dos seus cidadãos." 

Isabel Soares de Albergaria in Avenida Marginal:Re(imaginar) Ponta Delgada, Artes e Letras Editora, Agosto de 2025

Avenida Marginal: (Re) Imaginar Ponta Delgada

        O nº6 da revista Avenida Marginal é, toda ela, dedicada a Re(Imaginar Ponta Delgada, e acaba de ser apresentada em Setembro com um conjunto de ensaios sobre a maior cidade insular. Esta súmula de textos/ensaios, para além das fotografias de Andrea Santolaya (capa) e Paulo Bettencourt (interior), permite-nos uma longa reflexão e perspetivas várias, umas esperançosas, outras nem tanto. 
       São, portanto, várias as visões, sobre esta cidade que reflecte tensões antigas sobre a sua identidade bem como conflitos e anseios criados pela nova economia gerada pelo turismo. Os autores dos textos são: Francisco Monteiro da Silva, Isabel Soares de Albergaria, Jesse James, Joana Borges Coutinho, João de Melo, João Mendes Coelho, Maria Emanuel Albergaria, Nuno Costa Santos, Paula Cabral, Pedro Arruda e Rui Pedro Paiva. O seu preço de capa é 15 euros. 

Claudia Cardinale (1938-2025)

A Rapariga da Mala de Valerio Zurlini 
Daqui: wikimedia Commons
 

terça-feira, 16 de setembro de 2025

CAC: Um Sábado na Criação!

Lourdes Castro: Existe Luz na Sombra

       Os sábados são propícios à conversa, à escuta, e é Denise Pollini que vai soltando exemplos de projetos artísticos com participação pública, tais como os “Domingos da Criação”, em plena ditadura militar brasileira no final dos anos 60, por Frederico Morais, à altura crítico e curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Fomos também passando os olhos pelo trabalho de Elvira Leite nos idos anos 70, no largo de Pena Ventosa, no Bairro da Sé, no Porto, com fotografias de crianças e jovens a desenhar e pintar nas ruas ou construir carrinhos de rolamentos ou ainda a performance The Crystal Quilt (1985-1987), da artista Suzanne Lacy, para nos lembrar que os idosos existem e que nem sempre a arte foi tão institucional. Ela trouxe, por isso, o conceito de Comuns, em que fala da partilha de recursos e da criação colaborativa de conhecimento, tão necessária nos dias que correm.
      Uma manhã que logo daria lugar à tarde com a inauguração, nos vários espaços do Arquipélago, Centro de Artes Contemporâneas, da exposição “Lourdes Castro: Existe luz na Sombra”, com a curadoria de Márcia de Sousa. É uma mostra extensa da artista madeirense que nos deixou em Janeiro de 2022, não faltando ali praticamente nada sobre a vida e obra de uma mulher talentosa que marcaria de forma indelével a arte portuguesa do século XX. É uma exposição vibrante – como são belas as capas da revista KWY ou as serigrafias do seu herbário! – ou ainda todas as suas frases e bolbos espalhados pelas celas daquele espaço. Certamente que um dia não chegará para nos abrigar de tanta sombra!


domingo, 14 de setembro de 2025

Yuzín: Setembro está aí!


      O mês já vai a meio mas é sempre bom tê-la por perto. A Yuzín éuma agenda dos eventos culturais que se acontencem em São Miguel e em Santa Maria, destacando também figuras da cultura regional. Como não seria de esperar outra coisa, deu destaque à inauguração da exposição "Existe Luz na Sombra", no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande, dedicada à artista madeirense Lourdes Castro, bem como, lá para o fim do mês, à Bienal do Walk and Talk, este ano sob o tema de "Gestos de Abundância". 

Os Transportes....

       "A pesquisa foi realizada entre Maio e Setembro de 2024 e contou com 833 respostas válidas, abrangendo as Ilhas de São Miguel, Terceira e Faial.
  Em São Miguel, que representa 35,8% das respostas, as principais preocupações dos inquiridos em relação ao turismo prendem-se com a necessidade de melhorar a rede de transportes públicos, reduzindo a dependência do aluguer de automóveis, e de limitar o acesso de não residentes a determinadas zonas balneares, como a Ferraria. (...)
    Na Terceira, que representa 32,8% das respostas, os residentes destacam também como prioridades a melhoria da rede de transportes públicos, com mais rotas e horários, e a necessidade de supervisionar o desenvolvimento turístico da ilha(...)
     Já no Faial, que corresponde a 31,8% das respostas, as maiores  preocupações prendem-se com a melhoria da rede de transportes públicos e a supervisão do desenvolvimento turístico da ilha, a limitação do número de turistas na época alta  com a promoção da época baixa e com a formação de profissionais do sector (...)"

                             in Açoriano Oriental, 10 de Setembro de 2025

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

24 Hour Party People: Saudades de Manchester!

     Num lugar público que passei a frequentar, encontro o DVD de "24 Hour Party People", de Michael Winterbottom, editado em 2002. Aparentemente intacto, envolto num plástico, com um aviso na parede - "Pode levar, 0 euros". Ao pensar em rever o filme, penso na forma de convertê-lo em ficheiro sem ter que recorrer a Compact Disc, pois já não o possuo. Dou por mim a pensar na emoção registada aquando de ter visto o filme pela primeira vez e na sensação de ter, à distância, imaginado a festa que foi o aparecimento deste movimento musical de Manchester. "Madchester" caracterizou-se pela mistura de vários estilos musicais que ia do rock alternativo à dance music, com laivos de indie rock e psicodelia, tudo servia para celebrar esses anos loucos que durariam cerca de duas décadas. Tony Wilson, aqui representado por Steve Cogan, é o impulsionador deste foguete de largo espectro que revolucionaria a música pop e a edição (que saudades da Factory!!!), no fundo Wilson foi um visionário, um sinalizador ou caçador de de talentos que colocaria para sempre a cidade de Manchester no mapa da cena musical. O filme acabaria por retratar essa efervescência - vivida e sentida no Club Hacienda - mostrando o ambiente divertido e frenético dessa aventura. Passados tantos anos, ainda hoje há ecos dos Joy Division, New Order, Clash, Buzzcocks, Durutti Column ou mesmo dos Certain Ratio. Vamos já ouvi-los! 

Ontem, escrito numa parede da cidade

 Andes por onde andares virás sempre morrer à quebrada