quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Os Cem Anos de Violeta Parra

Cartaz de Rodofo Chofre Saavedra

Volver a los diecisiete       
Después de vivir un siglo
Es como descifrar signos
Sin ser sabio competente
Volver a ser de repente
Tan frágil como un segundo
Volver a sentir profundo
Como un niño frente a Dios
Eso es lo que siento yo
En este instante fecundo
Se va enredando, enredando
Como en el muro la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Ay sí sí sí
Mi paso retrocedido
Cuando el de ustedes avanza
El arco de las alianzas
Ha penetrado en mi nido
                                               Con todo su colorido
                                       Se ha paseado por mis venas

                                                                Y hasta las duras cadenas
                                                                  Con que nos ata el destino
                                                                        Es como un diamante fino
                                                                Que alumbra mi alma serena 
                                                                        Lo que puede el sentimiento
                                                                    No lo ha podido el saber
                                                           Ni el más claro proceder
                                                                    Ni el más ancho pensamiento
                                                                         Todo lo cambia el momento
                                                           Cual mago…

in"Volver a los Diecisiete" de Violeta Parra 

Mar

Se  eu pudesse esquartejava-te 
e com os braços levava-te comigo
sem criar ondas
para o interior de minha casa. 

Féodor Marenko

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Miguel Gonçalves Mendes: Cinema Instigação!


         Organizado pela Galeria Arco 8, terminou na última quinta-feira um ciclo de cinema dedicado a Miguel Gonçalves Mendes. Os seus documentários foram sendo exibidos ao longo de três semanas deste recente mês de Setembro e sempre com entrada gratuita. O ciclo começou com “Nada Tenho de Meu”, seguindo-se “Cruzeiro Seixas: Cartas do Rei Artur” (aqui enquanto produtor), depois “Autografia” e, por fim, “José e Pilar”. Estes dois últimos filmes apresentados e, que tiveram lugar na passada quarta e quinta-feira, contaram com a presença do realizador que acedeu conversar e acolher perguntas duma vasta e interessada audiência que aproveitou a presença deste em território insular. Sendo assim, uma palavra de apreço e gratidão para o Pedro Bento, sempre ele, a pontuar a chamada “actividade cultural alternativa do Outono”, marcando assim a rentrée da ilha e anunciando a partida do estio de calendário, ainda que este tarde em arrefecer. Graças a ele, e à sua persistência, foi mais uma vez possível ver cinema de cariz documental e, essencialmente, instigante!
Registe-se, assim, que todo o trabalho documental visa dar conta do objecto em questão e aproximar esse mesmo objecto do público espectador. Estes filmes não só aproximaram como também promoveram o pensamento sobre aquilo que somos e andamos à procura. Comece-se pelo inquietante “Nada Tenho de Meu”, que nos pareceu ser o trabalho mais complexo dado tratar-se de uma procura da identidade individual e do real, sabendo de antemão que grande parte do que contamos sobre nós próprios há muito de inventado, ficcionado. Seguiu-se “Cruzeiro Seixas: Cartas do Rei Artur”, documentário revelador de uma paixão entre essas duas figuras maiores do surrealismo, amantes  das pintura e das letras, aqui revelado em registo epistolar e intimista. Nada que já não tivéssemos sondando no visionamento de “Autografia”, apresentado algum tempo antes e ao que se sabe um retrato livre e despojado da vida dum poeta maior da língua portuguesa, infelizmente já desaparecido: Mário Cesariny. Neste documentário vemos a importância da confiança e da liberdade discursiva criada entre quem filma e se deixa filmar. Por último, o visionamento de “José e Pilar” que são três actos de amor em conjunto, um olhar errante e exaustivo sobre uma relação a dois, o poder e a força impressa no outro por quem sabe que só o amor nos leva pela estrada mais directa ao coração. Sim, é verdade, aqui vemos um homem que escreve novelas e uma mulher que se dedica a tomar conta da vida deles os dois. Uma experiência intensa, de tão rica como imaginada, ao intuir o movimento realizado inicialmente até o sabermos, por fim, concluído.
No final de todas as sessões, ficámos a saber que Miguel Gonçalves Mendes já encerrou as filmagens do seu documentário, “O Sentido da Vida”, produzido por Fernando Meirelles, encontrando-se agora em fase de montagem. As filmagens duraram quatro anos e o filme foi rodado na Islândia, Brasil, Macau, tendo começado em Vila do Conde. Assim o possamos rapidamente ver tal qual esperemos que seja mais uma razão para que, à semelhança dos sete ilustres convidados presentes na narrativa, o realizador possa continuar a dar a conhecer o seu trabalho e, assim, regressar ao arquipélago açoriano.

domingo, 1 de outubro de 2017

A Meu Favor de Alexandre O´Neill

Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer

A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Da Geografia

"É claro que a Geografia me serviu muito. Sabia distinguir num relance, a China do Arizona. É muito útil, sobretudo quando andamos perdidos na noite."
                                                                                           
in Principezinho, Antoine Saint-Exupéry.

Um Verso de Fernando Assis Pacheco

E a melancolia é uma doença nefasta

terça-feira, 26 de setembro de 2017

domingo, 24 de setembro de 2017

O Melancólico Fusco que vem do Norte Europeu



          Foi-se embora o Verão de calendário mas a temperatura e a humidade continuam sufocantes. Foi, não podemos negar, a estação mais cálida e abafada do ano. Esta temporada estival despede-se e é, portanto, quando usamos mais o sentido da visão, pois vivemos sob o signo da claridade e da luz solar. Agora, para nosso descontentamento, a noite chega mais cedo. Outros sentidos tomarão conta das nossas curtas vidas ali no exterior. Que assim seja, com os ouvidos à escuta neste melancólico fusco que vem do norte: “Life will See You Now”, de Jens Lekman. 

sábado, 23 de setembro de 2017