terça-feira, 28 de agosto de 2018
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
Gráfico
I
Curva dos espaços, curva das baías,
Quem me consolará do meu corpo sepultado?
II
Mostrai-me as anémonas, as medusas e os corais
Eu nasci há um instante.
III
A mulher branca que a noite traz no ventre
IV
Chego à praia e vejo que sou eu
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Coral, pág.25, Editorial Caminho.
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
Acordar Tarde
tocas as flores murchas que alguém
te ofereceu
quando o rio parou de correr e a
noite
foi tão luminosa quanto a mota que
falhou
a curva - e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte
procuras ávido aquilo que o mar não
devorou
e passas a língua na cola dos selos
lambidos
por assassinos - e a tua mão
segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do
sangue contaminado
dos amantes ocasionais - nada a
fazer
irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se
entrasses na água
o corpo num arco de pedra tenso
simulando
a casa
onde me abrigo do mortal brilho do
meio-dia
Al Berto
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