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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Discos d´Outono

Angela Olsen - Faixa "Withe Fire"




"If you've still got some light in you then go before it's gone
Burn your fire for no witness, it's the only way it's done"


sábado, 11 de janeiro de 2014

Vânia Dilac: Cantora ou Diva?

         Vânia Dilac é diva das cantigas e das antigas pois tem o dom e a dádiva de encantar para quem tiver intenções de se deixar render e cativar pelo seu canto. Esta é, sem qualquer dúvida, uma voz desmedida, solta, com rédea livre de quem sabe que nada nem ninguém  pode travar aquele curso de águas cálidas que na sua voz habita na máxima energia e vitalidade. Por isso não lhe peçam grandes teorizações sobre os seus temas que interpreta – apenas que cante no auge da sua sinceridade vocal. Por mais que ela enfeitice com a sua voz este centro histórico da cidade de Ponta Delgada, em plena Travessa dos Artistas, com música sem muros nem ameias e, essencialmente, com o fervilhar da interpretação de temas de outros autores:“Blue Moon” de Frank Sinatra, “Fever”, de Peggy Lee, “Summertime”, de George Gershwin, “Sodade” de Cesária Évora ou “Halleluyah” de Leonard Cohen, é nos temas cantados em português que este ardente canto em tons de veludo ganha velocidade, espessura  e rumo. Acompanhada por Paulão (bateria) e Clayton (teclados) é, portanto, uma voz que propaga com rapidez  calor e chama neste Inverno frio e húmido. Ouvi-la a cantar Amália Rodrigues (“Barco Negro”), Paulo de Carvalho (“Mãe Negra”) ou Jorge Palma (“Frágil”) é acreditar que há um vulcão interior em ebulição pronto a expelir sons e trovas carregado dum eco feminino dolente e magoado, profundamente negro como a maioria das vozes da soul, a carimbar o timbre da sua alma africana. É de arrepiar quando  eleva a sua voz nas canções de Amália ou Jorge Palma,  naquele português misturado, modelado e mélico para de imediato lhe sentirmos a garra,  o enleio sonoro, o sentimento pujante em cada frase melódica. Uma pérola, evidentemente.
         Escutar Vânia Dilac é também um privilégio por podermos imaginar o quanto estará por vir já que aqui há qualquer coisa de vidro fino, delicado, um diamante em bruto por lapidar, e que é necessário preservar e cuidar enquanto ele irradia de fulgência e de brilho. A cantora  vive em São Miguel, bebe muita música soul e o blues num arquipélago que fica não muito longe do local de origem destes géneros musicais, sendo normal que  almeje voos mais altos ou  deseje cantar em outras paragens, palcos  e destinos. Entrementes, para uma cantora que absorve as águas cálidas da ilha há mais de trinta anos, ela nasceu em Moçambique, bem como sabe de cor e salteado as dores e as mágoas das nossas maiores cantoras que a precederam, bastava que cantasse e fizesse um disco pessoal com uma dezena de poetas ou cantores nesta língua que nos une para firmar e confirmar o seu talento neste tempo e espaço, o emergir de uma grande voz em território insular, tantos anos depois da fase de oiro das vozes femininas de 80/90 da música açoriana.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Just one more gig!


     Desconfia-se que o conhecimento da existência dos Durutti Column possa ter sido adquirido após uma leitura do Blitz nos idos anos oitenta. Porventura, no meio da enxurrada dos Joy Divison, The Gist, Young Marble Giants, The Clash, U2 ou os The Smiths e, ainda de uma catrefada de bandas ouvidas na altura até à  exaustão, julgo ter chegado à guitarra maravilhosa e ondulante da banda do fantástico magriço Vini Reilly e aos seus Durrutti Column.  
    Chegam, entretanto, notícias que o próprio Vini Reilly passa no actual momento uma situação de fragilidade física – três derrames cerebrais – que motivaram uma enorme fragilidade financeira, acrescida à inoperância do sistema de segurança social inglês que demorou dezoito meses a prestar apoio à sua doença. Um periodo de tempo quase idêntico à aparição dos discos nos escaparates que se faziam por esse mundo fora nos idos anos oitenta. O que vale é que uma onda de solidariedade ajudou o músico a suportar as despesas, sendo que este já veio agradecer e propor-se a retribuir a ajuda com material sonoro da sua autoria. Humilde e honesto, como o dedilhar da sua guitarra.
Capa do disco "Amigos em Portugal"
    Sei que não abona nada a meu favor nunca ter assistido a nenhum concerto dos Joy Divison, U2, Echo and Bunnymen, ou osThe Smiths, bandas que circulavam abundantemente em cassetes pelos diferentes aparelhos sonoros anos a fio, mas a verdade é que raramente falhei aos concertos dos Durruti Collumn nas suas aparições em Portugal. E, como é viva e intensa, a memória vivida desses concertos. No final, ficava à espera pela sua saída para estender-lhe os bilhetes para ele autografar bem como cheguei a dar-lhe as páginas do livro “Escrítica Pop”, onde o Miguel Esteves Cardoso assinava as crónicas de puro deleite e encantamento sobre o grupo de Manchester. Ele sempre com a maior das delicadezas e bonomia agradecia, com humildade despedia-se, prometendo voltar. Lembro-me da imagem de Vini Reilly ser sempre de uma enorme fragilidade física e delicadeza, sobretudo na forma como dedilhava a sua guitarra e se posicionava no palco. A suportá-lo naquele cenário via sempre um homem bojudo e sorridente, como era o caso do baterista Bruce Mitchel. No final de um concerto subi o palco e, enquanto ele recolhia os cabos das suas guitarras, disse-lhe que o Robert Fripp tinha afirmado ser ele o melhor guitarrista do mundo. Ele, na plenitude da sua humildade, disse-me: “Fripp is crazy!”. Outra vez, num festival em Torre de Moncorvo, o Carviçais Rock, desejei-lhe boa sorte para o concerto, com o que ele ripostou com um sorridente;“It´s jus one gig”. A economia de palavras era uma particularidade sua, bastava para isso assistir aos seus temas cantados na sua voz comedida e frágil, ao longo de mais de trinta discos editados. Num dos seus últimos concertos no Coliseu do Porto, a que curiosamente não pude assistir, pedi para que lhe entregassem uma colecção de postais bem como o nosso livro - “Construções na Areia”. Não sei se alguém fez chegar esse material em jeito de presente e que pretendia ser um agradecimento pelas três décadas de músicas que nos ofereceu e que nos tem acompanhado. E talvez, por instantes, só me  apetece gritar: “It´s just one more gig!”

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Amanhã...




All I wanted was your time
All you ever gave me was tomorrow
All I wanted was your time
All you ever gave me was tomorrow





Tomorrow, álbum Circuses and Bread, The Durutti Column


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Tempo de Experimentar

"2: Sagrado, Profano"

        O Experimentar Na M'Incomoda tem novo disco, desta feita intitulado "2: Sagrado, Profano" e que teve a sua apresentação pública no teatro faialense, Ilha do Faial, no passado dia 9 do mês de Novembro. O segundo disco volta a juntar Aurora Ribeiro, Zeca Medeiros, Pedro Gaspar, "Pietá" Pedro Machete, Jácome Armas e, agora a voz de Mi, cantora sueca. É mais um capítulo da reinvenção da  tradição e acrescenta à música dos avós as tecnologias deste tempo acelerado. Adiciona deste modo vários pontos de vista  à  paleta sonora musical existente, refaz os temas com muitas camadas, samplers e maquinaria envolvente. Retoma, inclusive, de forma arriscada e intuitiva o trabalho efectuado por músicos como Carlinhos Medeiros e José da Lata. Quem ouve à primeira vez não escapa à ínclita descoberta, ao trabalho de divergência e mistura da música insular bem como se expõe à enérgica investida da invenção e cumplicidade com estes "novos temas tradicionais". Desde os temas "sagrados" "São José a Caminhar" e "Interlúdio: Cantar ao Divino" às profanas "Lira" e "Sol" - com a voz de Pietá - tudo serve para Pedro Lucas revirar a batida e voltar a dar... com respeito (ou falta dele?) e intensidade. Em Novembro houve apresentações do disco ao vivo (15, Music Box), em Lisboa e (17, Passos Manuel) no Porto. É, sem dúvida, tempo de experimentar...

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Outonia

                                               
           A cantora Anna Järvinen começou por pertencer aos Granada, grupo extinto em 2003. Neste momento conta já com três álbuns: "Jag fick feeling", (2007), "Man var bland molnen" (2009), e "Anna sjalv tredje"(2011). A cantora de origem filandesa canta em sueco e sorve as suas influências na música dos Carpenters, The Cure, Elthon John ou mesmo na banda sonora de Reviver o Passado em Brideshead. Aquando da edição do primeiro álbum ganhou o prémio de música da cidade de Estocolmo. Fácil, portanto, a nossa rendição a canções longas e carregadas de extensões e inflexões vocais, expressa  num timbre doce e melancólico que inquieta e seduz até às entranhas. Há canções que vão ficando: "Boulevarden", "Kom Hem" e "Vals För Anna", autênticas catarses emocionais, no seu já acentuado sentimento de comoção, doce e demorado. Por último, repare-se no seu lado multi-instrumental, pois Anna Jarvinen toca diversos instrumentos: harmónica, piano, guitarra e, claro, canta. O Outono e a melancolia merecem canções assim.