Não há aqui nada contra os automóveis. O que é um facto é que os carros não deviam ter mais direitos que os cidadãos ou prioridade em relação aos peões e transeuntes, mas têm. Sabemos o quanto os carros são úteis, demasiado até, na forma como diminuem as distâncias e encurtam o espaço e o tempo de um sítio para o outro, tornando a vida e os dias mais aceitáveis com temperaturas aziagas e chuvas persistentes. No entanto, da mesma forma que as praias não deviam servir para colocar bares e restaurantes em cima do areal para não importunarem a vista e o desfrutar do areal e da paisagem de quem ali vive ou gostaria de ali estar, o que é verdade é que não é concebível o estacionamento dos carros em cima de passeios ou a invasão destes no centro histórico de cidades de pequena dimensão, impedindo o passeio e usufruto do espaço e da via pública por parte de quem ali vive e passa. Estacionar carros em cima dos passeios não é, nem nunca será uma situação ideal, não é aceitável, o mesmo se pode dizer dos milhares de carros que invadem o centro num abanar constante da terra e do barulho que torna possível a vivência e o usufruto do espaço citadino. Deste modo, seria desejável que as cidades fossem lugares prazenteiros de descoberta e fruição dos seus espaços arquitectónicos, lugar de encontro com suaves e amenos passeios diurnos e nocturnos, dados à contemplação e observação do comércio, recheado de conversas sobre o passado e o presente, espaços entregues aos passeantes e respectiva contemplação. Para quando?
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