quarta-feira, 15 de maio de 2013

Antologia de Autores Açorianos Contemporâneos

      “A ilha poderá ser, antes de mais, esse espaço de estar (e “estar” é muito mais verbo para ilhéu do que “viver”, escreveu Nemésio) e onde se assiste ao fluir do tempo dissolvendo contornos e arestas. Espaço demasiado próximo o corpo, dorido e doloroso também, confrangedor e paradoxal nos horizontes ilimitados que deixa antever sem realizar, daí o confronto que na escrita se encena entre o efémero, a finitude da ilha e o Absoluto como miragem do desejo, daí também esse jogo entre o perto e o longe, o concreto e o inatingível, que em Rui Duarte Rodrigues, por exemplo, deixa o inevitável rasto de uma subtil melancolia.”

Urbano Bettencourt in “Dos Açores e da sua literatura: errância e permanência”, pp.64-70, Lisboa, edições Salamandra, col. Garajau, 1999). 

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