Por vezes sabemos que falhamos. Falhamos,
no entanto, muitas vezes. Porventura, ao longo da vida falhamos mais vezes do
que acertamos. E em vez de tentar, à semelhança do que diria, Beckett, a ideia
é ir falhando cada vez melhor. O outro que nós julgamos que nos reflectia e devolvia o espelho, o
interesse, o entusiasmo, o gosto e a dedicação nem sempre é capaz de o fazer,
demonstrar, expressar. Foram meses de dedicação, empenho, atenção e, inclusive,
descoberta, curiosidade e divulgação de coisas que estavam por ali a fervilhar.
Deve ter sido para isso que me devo ter cruzado na vida daquela pessoa. Bastou sair de
cena, desocupar o palco e não houve qualquer gesto, uma palavra, uma pergunta
ou que quer que fosse. Agora pede-me para exercer o direito de voto num concurso.
Não o farei. Não o direi. Prefiro falhar. Se possível, em silêncio.
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