POEMA
para apanhar
o mundo de janelas fechadas,
a relva
molhada cheia de gotas de água,
as
bicicletas dos operários suburbanos,
o bafo dos
burros das carroças de couves,
e o último
poeta, coberto de orvalho,
trazendo um
soneto e a noite em claro,
do último
candeeiro iluminado.
(Um dia
hei-de ver se me levanto cedo,
após uma
noite sem silvos e asas,
sem tubos de
aspirina e momentos de febre)
Um dia
hei-de ver se me levanto cedo,
hei-de ver
se me estudo sob a luz primeira
e se me
lembro do meu riso de pequeno,
quando me
faziam cócegas no pescoço...
Se Alexandre O´Neill fosse vivo
faria hoje 89 anos. O poeta nasceu a 19 de Dezembro de 1924, em Lisboa, e viria
a falecer a 21 de Agosto de 1986. Levou uma vida inteira como publicitário, mas
Alexandre O´Neill ficou conhecido pelos versos dos livros de poesia que
publicou. Gigantesca, a sua poesia! O reconhecimento nunca foi adequando à
grandeza da sua imaginação poética, mas o rastilho literário e humano que legou
a alguns de nós dá certamente para
continuar a acreditar nas letras e na poesia portuguesa. Grato, Alma Grande!
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