quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

(Para quê Poetas em Tempo de Indigência?)

Levantar a gola do casaco,
Esconder os punhos já puídos
E defender, com os dentes cerrados, as palavras:
mas quem aguenta mais este murmúrio vão,
que não colhe mais as flores do mal nem a luz
radiosa na própria miséria?
Resistir, como sempre fizeram os humilhados.
Decorar palavras antigas.
Repeti-las, para que não sejam esquecidas,
aos vindouros.



Luís Filipe Castro Mendes in, "A Misericórdia dos Mercados", “Assírio e  Alvim”, 2013

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