Caro Doutor, como tem passado
este sol de Inverno com temperaturas amenas e agradáveis?
Nem imagina o quanto amei saber
que se encontra de novo a viver junto de um vulcão adormecido. Passou tanto
tempo desde o nosso último encontro e sei que nunca mais transmiti nada da
minha parte, típico desta minha personalidade errante, bruxuleante e ondulante. Durante os
últimos meses viajei sem cessar, corri mundo, fartei-me de viajar até cansar.
Regresso agora de uma viagem ao sudoeste asiático onde, pela primeira vez, nadei
com crocodilos, e, talvez por isso, tenha tido necessidade de lhe escrever com esta brevidade. É
um impulso estranho nadar com animais de grande porte, rodeá-los sem que
estes nos mordam ou apanhem, sempre com esta sensação imanente de "toca e foge". É preciso muito treino, evidentemente.
Soube, por voz amiga, que o agora (Professor) Doutor tem tido contactos
recentes com o mui amigo Janeiro Alves. Que bom seria ter a vossa companhia no recém-renovado Solar dos
Manaias.
Até breve na caixa dos correios,
com imensas saudades suas
Miriam Manaia
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