"Inventamos
histórias para dar forma às nossas perguntas; lemos ou ouvimos histórias para
perceber o que queremos saber. Nos dois lados da folha, somos levados pelo
mesmo impulso questionador, pelas perguntas de quem fez o quê, e porquê, e como, para que possamos, por nossa voz, perguntar a nós próprios o
que é que fazemos, e como e porquê, o que aconteceu quando se faz ou não faz
alguma coisa. Neste sentido, todas as histórias são espelhos do que julgamos
ainda não saber. Se for boa, uma história suscita no seu público tanto o desejo
de saber o que acontece a seguir como o desejo contraditório de que a história
nunca acabe: este duplo vínculo justifica o impulso de contar histórias e
mantém a curiosidade viva."
in Uma História da Curiosidade, Alberto Manguel, edições Tinta da China, 2015.
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