Exposição na Biblioteca e Arquivo de Ponta Delgada |
António Garcia Guerreiro apresenta um
conjunto de fotografias à volta do arquipélago açoriano intitulado “Espelhos
Naturais”. O visitante desta curiosa exposição, patente num pequeno compartimento
da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada até Janeiro do
próximo ano, poderá ser surpreendido com fotografias facilmente reconhecíveis - são fotografias realizadas em quase todas as ilhas açorianas - mas expostas de
forma singular e estimulante aos nossos olhos, exigindo tempo e compreensão à
nossa experiência sensorial.
As fotografias de “Espelhos Naturais”
revelam assim um fotógrafo sensível, fascinado pelos cambiantes da paisagem e
entusiasmado pela policromia da natureza das ilhas atlânticas. Neste jogo
implícito de luz e contrastes, já que são fotografias que usam e abusam do
reflexo da água, o jovem fotógrafo – sim, esta é a sua primeira exposição!!! –
apresenta imagens de cima para baixo, fazendo-as rodar os 180 graus, tendo por
objectivo propor e revelar novos detalhes ou outros efeitos pretendidos,
abarcando desta feita as dicotomias: real/irreal, céu/terra, vida/sonho.
Relembrando ainda um literato argentino, Alberto Manguel, este escreveu em “No
Bosque do Espelho”: “Somos criaturas
arrumadas. Desconfiamos do caos. As experiências chegam-nos sem um sistema
reconhecível, sem qualquer razão inteligível, com uma generosidade livre e
cega. E, no entanto, perante todas as provas em contrário, acreditamos na lei e
na ordem.” António Garcia Guerreiro contraria em “Espelhos Naturais” essa
mesma lei e ordem, propondo deste modo um presente para os nossos sentidos,
arriscando-se assim a encontrar beleza no caos e na miríade de reflexos e
estímulos que a natureza em redor nos proporciona. Afinal, o belo pode ser
caótico e desordenado, e, para que isso aconteça, basta estar aberto e, com
absoluta clareza, atento.
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