Faz-se
chamas com a fúria cava
de uma onda
ou a táctil cobertura
de uma
espuma
Começa em
silêncio, embalando
uma canção
de dentro, chamando
para a
distância a promessa do reverso
afundado do
mundo
Se digo mar
falo do
homens que não passam
de sobras
esquecidas para quem o destino
ilude, com
um mais do que desesperado brilho
o recorte de
um pesadelo
E acabam
com os
corações
pescados ao
largo de Lampedusa.
E não sei –
nem sabem estes versos -,
como deixar
que não seja o mar,
com o mesmo
som sem lamento e sem delírio,
que traga
mais ruína
à memória
com que ainda se escreve Europa
enquanto regressa
e acentua
a diferença
entre tempo e eternidade
e me
encontra à espera da manhã
a sua
superfície em frente,
como se
olhasse através do fim.
Rui Miguel Ribeiro, in “Mar”, livro de
fotografia de Tiago Miranda.
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