Após
conclusão de visionamento desta película de origem sueca permanecerá para sempre
uma pergunta: o que pensaria Ingmar Bergman sobre esta narrativa tradicionalmente nórdica? É que
Força Maior, filme de Ruben Ostlund, parte de uma ideia muito concreta sobre o
desenrolar de uma situação familiar próxima do caos, uma ruptura em
efervescência, daí as semelhanças com o bergmaniano “Cenas da Vida Conjugal”, realizado em 1974. Neste
curioso e recente “Força Maior”, assistimos de forma lenta às ruinas das fundações da
estrutura de um casal, já que é toda uma montanha que desaba, metáfora da
própria relação conjugal, que parece desagregar-se, quase se desintegra totalmente, e será preciso força para a sua recomposição, nem que para que isso aconteça
seja necessário uma catarse conjunta dos
seus próprios elementos.
O filme desenrola-se e vai "derretendo o
gelo" pelos seus vários capítulos, desenvolvendo o seu relato enquanto
conjunto de episódios e cenas dos dias passados na estancia de esqui. A
avalanche ocorrida no segundo dia junto do hotel dá o mote para o que virá a
seguir, o que nos permite constatar um sentimento de desastre eminente. A
beleza da fotografia do filme e a precisão dos seus planos têm o condão de nos
prender até bem perto de um final, curiosamente, menos conseguido. A música tem também um complemento
de força que advém do frio emocional latente na paisagem, transposta agora para
o interior do casal e essa incapacidade em transmitirmos emoções e
colocarmo-nos no lugar do outro. Para quem desconhecia o novo cinema sueco,
este é certamente um bom pronúncio para repormos a atenção que merece.
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