Agosto nos Açores é
semelhante a estar junto de um braseiro, uma lassitude que se instala e propaga,
ainda que raramente haja vento, uma humidade que não se aguenta. E, por isso,
insistimos assim, no gerúndio, trabalhando, ensaiando, à noitinha, quando é possível respirar. Hoje, quando aqui chegamos, Santa Clara ainda se
encontrava com aquela cor azul anilina, transparente, qual lugar excelso e prazenteiro ao fim
da tarde. Saúde-se novamente a luz coada quando o sol se depõe e o mar chão é
sinónimo da luz espelhada ao comprido. Trata-se de um espectáculo cromático assaz divertido, conjuntamente com a policromia das casas e daquela atmosfera marítima
circundante.
Este texto teatral começou por ser pensado para
as tábuas do palco em Agosto, mas julgo que ainda vai ser preciso mais algum
tempo. Será certamente a nossa "Canção de Setembro", o nosso desafio de até lá
montar algo em que tenhamos orgulho e paixão na sua apresentação. Este grupo que aqui se
juntou é bastante cúmplice, dinâmico, arraigadamente coeso. O teatro junta
sempre tanta gente, tantas pessoas que ainda gostaria convidar, daí ter estendido o convite ao músico João Macedo para compor a “banda sonora”. Ele
assiste aos ensaios, ouve e reflecte quais os sons a incluir em algumas partes
da peça. Depois, contamos esperar algum tempo pelo resultado desta sua experiência. O mesmo irá acontecer com o cenário, que queremos que seja de nuvens,
memórias, futuro e, muita, muita, fantasia. E é claro, quando pensarmos no trabalho
relacionado com a imagem/divulgação deste espectáculo que pretendemos colectivo, teremos aqui que contar com o ensejo da Júlia Garcia e da Tipografia Micaelense.
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