Fotografia Carlos Olyveira |
Seria
tão bom podermos refrescar-nos por aqui, sobretudo pelo meio deste calor intenso que se
faz sentir neste lugar de uma Santa Clara sufocante. Sentado, por instantes, na mesa
solitária da esplanada do Restaurante “Calço”, é possível avistar um corredor de bandeiras
vermelhas de um bairro em festa. Daqui a pouco há música com
“barracas de comes e bebes” junto da igreja. “Inicialmente, esta festa realizava-se
no dia 11 de Agosto, dia de Santa Clara de Assis. Contudo, pelo facto de sermos
um “bairro piscatório”, nesta data os homens desta terra encontravam-se no mar.
Estes homens eram em tão grande número que a igreja decidiu adiar as festas
para o primeiro domingo de Setembro, data muito próxima do regresso dos mesmos.
Assim sendo, não será muito difícil compreender o facto de esta festa durante
muitos anos ter sido encarada com a festa dos pescadores. Era uma espécie de
acção de graças por regressarem ao porto de abrigo, depois de seis meses de
faina marítima.” conta-nos Elsa Santos, no seu livro “Santa Clara: Um tempo de
Festa”, editado no ano de 2002.
Somos,
entretanto, visitados pelo jovem actor dinamarquês, Tue Heiberg Madsen, que esteve por cá a assistir a um dos ensaios,
tendo sido ele capaz – sem qualquer conhecimento da língua portuguesa – esclarecer
a ligação entre os personagens e as intenções de cada um na peça.
Surpreendidos, estivemos por ali a ouvi-lo falar do seu pequeno país, por sinal, “bastante rico
e desenvolvido” e ainda o “acaso googliano” que o trouxe até aos Açores. No final da
conversa, descobrimos que, também ele, partiu muito jovem para Londres para
aprender teatro e que estará de volta ao seu país para se lançar e afirmar-se
no mundo da representação.
Entramos
nas últimas semanas antes da estreia, preparamos deste modo a recta final dos ensaios de “Sala
de Embarque”, um trabalho contínuo evidenciado pelos diferentes contributos que
fomos obtendo ao longo destes três meses de trabalho. O cenário está devidamente a
ser ultimado e concluído tal como o trabalho de luz e de som. À semelhança daquele semblante da
Margarida Benevides, numa bonita fotografia do Carlos Olyveira, o sonho de apresentar
esta peça vai-se aproximando, isto é, mais três semanas e…já está!
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