terça-feira, 6 de setembro de 2016

Sala de Embarque: o "Paraíso" da Dinamarca

Fotografia Carlos Olyveira
Seria tão bom podermos refrescar-nos por aqui, sobretudo pelo meio deste calor intenso que se faz sentir neste lugar de uma Santa Clara sufocante. Sentado, por instantes, na mesa solitária da esplanada do Restaurante “Calço”, é possível avistar um corredor de bandeiras vermelhas de um bairro em festa. Daqui a pouco há música com “barracas de comes e bebes” junto da igreja. “Inicialmente, esta festa realizava-se no dia 11 de Agosto, dia de Santa Clara de Assis. Contudo, pelo facto de sermos um “bairro piscatório”, nesta data os homens desta terra encontravam-se no mar. Estes homens eram em tão grande número que a igreja decidiu adiar as festas para o primeiro domingo de Setembro, data muito próxima do regresso dos mesmos. Assim sendo, não será muito difícil compreender o facto de esta festa durante muitos anos ter sido encarada com a festa dos pescadores. Era uma espécie de acção de graças por regressarem ao porto de abrigo, depois de seis meses de faina marítima.” conta-nos Elsa Santos, no seu livro “Santa Clara: Um tempo de Festa”, editado no ano de 2002.
Somos, entretanto, visitados pelo jovem actor dinamarquês, Tue Heiberg  Madsen, que  esteve por cá a assistir a um dos ensaios, tendo sido ele capaz – sem qualquer conhecimento da língua portuguesa – esclarecer a ligação entre os personagens e as intenções de cada um na peça. Surpreendidos, estivemos por ali a ouvi-lo falar do seu pequeno país, por sinal, “bastante rico e desenvolvido” e ainda o “acaso googliano” que o trouxe até aos Açores. No final da conversa, descobrimos que, também ele, partiu muito jovem para Londres para aprender teatro e que estará de volta ao seu país para se lançar e afirmar-se no mundo da representação.
Entramos nas últimas semanas antes da estreia, preparamos deste modo a recta final dos ensaios de “Sala de Embarque”, um trabalho contínuo evidenciado pelos diferentes contributos que fomos obtendo ao longo destes três meses de trabalho. O cenário está devidamente a ser ultimado e concluído tal como o trabalho de luz e de som. À semelhança daquele semblante da Margarida Benevides, numa bonita fotografia do Carlos Olyveira, o sonho de apresentar esta peça vai-se aproximando, isto é, mais três semanas e…já está! 

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