Quando M. me enviou sms
a perguntar plo programa de
fim-de-semana
senti a angústia da página em
branco de sexta-feira
do cronista de domingo
mas depois lá esbocei este
plano,
mais uma mnemónica, diria:
1.º mastigar a angústia como uma
chiclete
ao som dos Táxi da altura em que
a cuspia
sem qualquer preocupação com a
pegada ecológica;
2.º passar pela secção dos
Perdidos e Achados da PSP,
do Metro e dos STCP para ver se
encontraram um
coração que há dias que não
sinto o meu;
3.º listar todas as músicas de
língua inglesa
que expõem um broken heart no
refrão;
4.º desfazer a máxima:
«Toi, tu est un blogueur.
Moi, je suis une blagueuse.» (que
construí a pensar no O'Neill)
sentindo-me digna de uma
serviçal de Penélope, que as devia ter,
escondidas nas dobras da
história, como escrevi a Z;
5.º rever o filme de Eris Riklis
e deixar-te
sobre a tua mesinha de cabeceira
este bilhete:
«Não verei o limoeiro crescer!»
Aviso ao leitor: pode começar pelo último ponto, passar ao terceiro,
eliminar o segundo e acabar no primeiro. Pode mesmo não sair do primeiro. Ou
passar todo o tempo no terceiro. E, se chegou até aqui, pode mesmo ignorar este
poema.
Ana Paula Inácio, 2010-2011, Averno, Lisboa, 2011. (Respigado do blogue Hospedaria Camões)
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