"Quando regresso do mar venho sempre
estonteado e cheio de luz que me trespassa. Tomo então apontamentos rápidos - um
tipo – uma paisagem. Foi assim que coligi este livro, juntando-lhe algumas
páginas de memórias. Meia dúzia de esboços afinal, que, como certos
quadradinhos ao ar livre, são melhores quando ficam por acabar.
Estas
linhas de saudade aquecem-me e reanimam-me nos dias de inverno friorento. Torno
a ver o azul, e chega mais alto até mim o imenso eco prolongado…Basta pegar num velho búzio para se perceber
distintamente a grande voz do mar. Creou-se com ele e guardou-a para sempre. –
Eu também nunca mais esqueci…."
Raul Brandão, Os Pescadores, 1924, Bertrand Edições.
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