Amarcord será exibido dia 27 de Maio no Teatro Micaelense |
Este filme de
Federico Fellini foi realizado em 1973 e retrata Itália dos anos 30, a vida na cidade
de Rimini e de um adolescente daquela altura. Num misto de ficção e realidade, pois trata-se das
recordações do realizador, Amarcord é um quadro pitoresco e fantasmagórico pré-segunda Guerra Mundial e onde se anuncia já a presença de Il Duce.
Federico Fellini convocou para
este filme a sua galeria de personagens extravagantes, dando assim a conhecer
os tempos da sua juventude e a sua visão da Itália daquele período, contando
para isso com a música evocativa, plena de imagens, de Nino Rota. O realizador explicaria alguns
anos mais tarde, numa conversa com Damian Pettigrew, as razões que o levaram a
realizar tal filme: "O Amarcord é uma reflexão sobre a
incapacidade de observarmos criticamente o nosso passado fascista, um passado
que recusamos, mas do qual nunca nos poderíamos separar: o que faz parte do
passado de cada um de nós forma inalteravelmente uma parte íntima de si
próprio. Por isso o Amarcord é mais um exame do presente do que uma nostalgia.
Na realidade, quando foi estreado o Satyricon, muitos viram o filme como um
comentário sobre o Maio de 68. Creio que filmes como Casanova ou O Navio podem
ser interpretados como reflexos de uma certa actualidade, como o jornal da
noite. (...) Muitas vezes simplifiquei o sentido cabalístico da palavra
amarcord, dizendo que é um termo romagnolo e que significa
"Lembro-me". Mas não é bem verdade. Penso que a ideia original me ocorreu
depois de ter lido qualquer coisa sobre o sueco defensor do aborto Hammercord,
e que a sonoridade do seu nome o ponto de partida. Se se juntarem as palavras
amare (amar), cuore (coração), ricordare (lembrar) e amaro (amargo) obtém-se
Amarcord."
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