Fotografia de Carlos Olyveira |
"As
janelas dos primeiros andares, logo acima das lojas e dos armazéns, são em
geral guarnecidas com pequenas varandas de madeira entrelaçada, como nas
janelas das nossas leitarias, pintadas de vermelho escuro, verde ou branco. Nas
casas maiores vêem-se elegantes varandas de ferro. Pelas goteiras dos telhados
escorre água em abundância e a telha da esquina toma frequentemente a forma de
um pássaro de asas abertas, ou alonga-se para cima em comprida ponta. Os
edifícios são caiados de branco e as ombreiras das portas, cantarias das
janelas e cornijas ficam em geral da cor da pedra, cinzento-escuro ou negra. Os
sapateiros trabalham sentados à entrada das portas, os alfaiates estão
acocorados, o ferreiro com o ferro na rua, em frente da porta, cobre carvões em
brasa. Os que eu vi sentados em bancos no interior das lojas, pareciam haver
sacudido aquela melancolia congénita que lhes atribui, entregando-se a ruidosa
alegria."
in Um Inverno nos Açores e Um Verão no Vale das Furnas, de Joseph e Henry Bullar, escrito em
1838-39, numa edição do Instituto Cultural de Ponta Delgada, Ilha de São
Miguel, Açores, 1986.
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