“Um
dia deram-me aquela rica bicicleta. Deram-me porque eu tinha treze anos e tinha
feito exame. Depois disso fiz mais vezes anos e fiz outros exames, mas
bicicletas é que não tive mais. E se ela andava! Ui! Se ela andava! Era uma
coisa por demais. Mas eu conto: Todos os
meus amigos, aqueles em quem eu batia todos os dias (porque eu aos 13
anos, era muito forte, quase do mesmo
tamanho que tenho hoje) depois todos os meus amigos, dizia eu, me festejaram e
deram uma volta de experiência. E se ela andava! Logo ao princípio o Adriano
foi direito ao muro da estação e só parou quando o muro o obrigou a tal. Aquilo
é que ela andava! Também o Zé Pedro, que hoje é casado e tem três filhos
estrábicos, saltou uma coisa que parecia um muro a todos nós, excepto a ele; só
depois é que verificou que, de facto aquilo era um muro.”
in Obras Completas de Mário-Henrique Leiria, edição E-Primatur/Letras Errantes, 2017
Sem comentários:
Enviar um comentário