Desenho de Liv Ullmann (Daniel Seabra Lopes) |
"Os filmes, a fuga da realidade, o mundo dos sonhos; experiência e pessoas que, segundo eu acreditava, iriam tornar-se parte do meu quotidiano, no futuro. Tragédias tão grandes que o nó continuava na garganta, muitas horas depois. Maravilhas imensas a ponto de meus pés tocarem o solo, quando eu voltava para casa.
Milagre em Milão, Luzes da Ribalta. Vi esses filmes dez ou vinte vezes, com o mesmo encantamento. Heróis e Heroínas. Criaturas que representavam o Bem ou o Mal. Quase nunca comuns e tediosas, como as pessoas que eu conhecia em Trondheim.
E o amor.
Ansiava por experimentá-lo, tal como o via na tela: abraçar um homem com camisa branca e um alvo sorriso, que me olhasse de cima, ternamente, e sussurrasse palavras sussurradas pelo Herói à Heroína.
Escutar violinos, quando ele me beijasse.
Ah, se eu pudesse crescer um pouco mais depressa. Eu lançava um olhar ansioso para os meus seios inexistentes."
in Mutações, Liv Ullmann, edições Nova Nórdica, 1984.
Sem comentários:
Enviar um comentário