"C’è la stessa malinconia e la stessa speranza"
Vittorio Lega
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
Uma Noite de Poesia na Tascá
Talvez
em Copenhaga ou em Aarhus isto também fosse possível, não se sabe. O casal de dinamarqueses pensa na
eventualidade e no interesse pelas palavras, das rimas e dos versos nos tempos que correm.
E riem-se com o nome Bodega, nomenclatura usada no país deles para descrever
espaços como este. E, quem sabe, ou
talvez seja mesmo impossível, apelidá-lo com esse título neste nosso país do
sul. A conversa gira, portanto, à volta do
interesse dos nossos contemporâneos pelos versos, metáforas, alegorias, repetições e, talvez por isso, termine pousada sobre a oferta cultural nas grandes cidades e na periferia. No entanto, por aqui vai-se afiançando que não, há quem diga mesmo que a poesia anda à solta pelos territórios
mais improváveis da ilha, comentam que é
partilhada por instantes nos quartos, nos cafés e nas ruas, dita por cabeças
mais ou menos pensantes, algumas bastante tensas, outras esclarecidas e até mesmo emotivas. Há
mesmo um Encontro Internacional de Poesia a decorrer esta semana. Desta feita, nesta noite
de Outubro, a poesia concentra-se sobre
as mesas de madeira deste pequeno estabelecimento denominado de Tascá, contida no interior dos
livros espalhados ou amontoados, sendo dita e redita enquanto se bebem copos de vinho tinto ou cerveja, por vezes em bancos corridos ou com os corpos encostados às portas abertas, porventura, para soltar o ar do tempo. Há também pausas para saber da
vida, saborear as estrelas cadentes e o luar, espreitar o movimento dos carros e cantar loas às madrugadas vividas em território ilhéu. Tudo isto se passa numa rua com nome de antiga capital do reino, entretanto agora
democracia. Uma coisa é certa: precisamos de poesia como pão para boca e por isso nem
sempre à noite todos os gatos são pardos.
Nota: o registo fotográfico pertence ao Luís Andrade.
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