Poema
Um
dia hei-de ver se me levanto cedo
para
apanhar o mundo de janelas fechadas,
a
relva molhada cheia de gotas de água,
as
bicicletas dos operários suburbanos,
o
bafo dos burros das carroças de couves,
e
o último poeta, coberto de orvalho,
trazendo
um soneto e a noite em claro,
o
último candeeiro iluminado.
(Um
dia hei-de ver se me levanto cedo,
após
uma noite sem silvos e asas,
sem
tubos de aspirina e momentos de febre)
Um
dia hei-de ver se me levanto cedo,
hei-de
ver se me estudo sob a luz primeira
e
se me lembro do meu riso de pequeno,
quando
me faziam cócegas no pescoço...
Sem comentários:
Enviar um comentário