“Não vão ser só os portugueses a
ficar muito pobres nos próximos dez anos. Até as raças superiores terão que
conter despesas e isso pode ser uma vantagem para
nós: mais pobres os do Norte talvez se sintam tentados a trocar Bali ou
Rajastão como destinos de férias de praia ou “culturais” em favor de lugares
mais baratos: as praias e o património exótico situado nas traseiras das suas
casas. Portugal pode ser um desses destinos caseiros de emergência e, em vez de
investirmos em eólicas, ou seja, de atirarmos dinheiro ao vento, devíamos
dedicar-nos a melhorar as praias, os acessos às praias, os hotéis, os campos de
golfe, o património histórico-artístico português…e a disfarçar o melhor que
for possível a devastação da paisagem urbana e rural a que nos dedicamos com
afinco há 50 anos.
(…)
No final de contas isto já foi tudo trespassado às raças superiores. Agora é só
a questão de as convencer a aproveitarem as vantagens: o mínimo que podemos
fazer é mostrar-lhes sítios bonitos, alindar esses sítios, escondermos a
fealdade…e levá-las à praia.”
Paulo Varela Gomes, in P2 , Jornal Público, Abril 2011
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