Impunha-se por imperativo de sanidade,
fazer anteceder cada palavra pela pergunta
para que serve?
Para que serve a poesia, para que serve a prosa.
Para que servem as imagens, para que serve o som.
Impunha-se, por reserva mental,
fazer anteceder cada pergunta pela pergunta
para que serve perguntar?
Registá-la, depois, pergunta ou resposta,
tentando não ceder à moralidade.
Sem para nem porquê,
a escrita talvez fosse uma forma aceitável de não existir.
Não pediria outra.
Madalena Castro Campos, in "A Gun in the Garland", Companhia das Ilhas, 2019.
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