Redijo-lhe
estas linhas nos debutantes sussurros primaveris de 2019, desejando que o meu
amigo se encontre guarnecido das mais promissoras expectativas para o próximo
estio, que segundo asseveram as mais altas patentes da meteorologia, será o
mais quente de sempre. Quaisquer mangas cavas ou demais refrescos e gelados será
sempre pouco para o verão tórrido que se avizinha!
O
motivo desta missiva é interrogar-lhe sobre o seu conhecimento de um tal
Felício Chanfra. Recebi um convite duma publicação azórico-lusitana de
reconhecido gabarito para interrogar este psicoterapeuta dada a sua reputação,
trabalho e reconhecimento em terapias psicológicas oportunamente avançadas.
Encetei com contumácia as questões necessárias e li mesmo toda a literatura
ilustrada sobre a Psicologia Moderna. Até aqui labor intenso e esforçado. O meu amigo Janeiro Alves sabe que sou um brilhante interrogador, possuidor de um
estrepitoso charme e assertivo nas minhas convicções hodiernas. Doravante, eis que não
saberei o que me irá acontecer. É que quando procurei recolher informações
sobre Felício Chanfra no grande motor de busca global, fui confrontado com
ausência biográfica, surgiram mesmo algumas frases redondas e referências próprias de uma
fragilidade inconfundível, muitas delas poderiam mesmo constar de qualquer
mural nas redes sociais. Isto, para não falar de uma hiperealidade abissal. Indaguei assim a razão do
sucesso de Felício na lista das personalidades promissoras deste novo século, e nada
consegui concluir. Na lista de grandes promessas figuram ainda o
irreparável Victor Klaus e o inefável Alberto Ai. Conjecture lá, Janeiro Alves, tamanho descaramento!
Como
deve imaginar, não sei o que hei-de fazer para diminuir a ansiedade, desatei por isso a
escrever e escutar interrogatórios de forma compulsiva, socorrendo-me apenas da recordação dos momentos de folia quando interroguei Giorgio Delle Mare e
Andar Carrasco. Em breve, faço questão de lhe endereçar o resumo, a súmula do
depressivo e suculento encontro que irei ter com esse famoso psicoterapeuta retirado do mundo. Segundo me afiançam, convirá também ficar atento aos ligeiros
achaques e altivez a que habituou o seu público desde que ganhou o Prémio Sigismundo F, atribuído pela Academia
dos Atos Falhados.
Despeço-me
no ápice da euforia e no cúmulo da folia sobretudo pelo trabalho que o meu
amigo tem vindo a realizar em prol da literatura de cordel, augurando-lhe, desde já, um
Feliz Entrudo. Com um até breve na caixa do correio.
No esplendor máximo da estima e da consideração,
Doutor Mara
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