Abril chegou e com ele regressa também o Tremor. Há
por isso muita música para fruir ou ainda provocar a curiosidade, a maior parte
dos sons pertencem a músicos que habitam na periferia das grandes produtoras
musicais, gente que faz música em cidades como Ponta Delgada, Lisboa, Porto,
Londres, Manchester, Maastricht, Barcelona, São Paulo, São Francisco, e outras
tantas sonoridades oriundas de ilhas de antigos impérios.
A partir da próxima semana é música para ouvir
sentado com uma chávena de chã ou um copo de tinto na mão, o Tremor é música
para fundir a paisagem com o universo sonoro de cada banda ou intérprete, sempre sob
o signo da água e do Atlântico, um festival que habituou os frequentadores a
não ouvir a mesma banda duas vezes, já que se trata de uma montra alargada que
todas os anos prima pela experiência e descoberta. Altura, por isso, para ouvirmos os WE SEA,
esse grupo com nome de um trocadilho bem açoriano, apenas com quatro anos de idade,
apareceram numa noite de celebração histórica da revolução dos cravos no espaço
do Solar da Graça e ali despontaram com o seu teclado sobre uma tábua de passar
a ferro e um vocalista pleno de garra e intensidade. Será
muito interessante apreciar a prolixidade de Rui Rofino, que canta com alma e entrega na língua de Antero de Quental as suas letras de muito labor e apuro,
ao mesmo tempo que teremos a oportunidade de ouvir a voz plástica e eclética de
João Peste dos Pop Dell´Arte. Quem tem
acompanhado o Tremor, sabe muito bem que o certame é imprevisível, trazendo algo
muito livre e arejado a cada edição, o que só pode augurar uma semana musical deveras promissora.
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