Dizes-me:
nunca há mar nos teus poemas
Pois não. O mar que conheço é baço
e o que nunca vi é estranho
insondável como poço, afoga-nos num lento abraço
Dizes-me depois:
nunca há mar, mas há aldeias
Pois há. E há mulheres, há sempre mulheres.
Umas a chegar, outras a partir.
Gosto de encontros, gosto de despedidas - Há sempre mulheres,
(algumas despidas
Não me atrai as ondas
o modo magnético de nos prenderem o olhar.
Prefiro-o à solta pelas aldeias
é que tudo que há nelas me dá ideias
mesmo um triste poço, mesmo um monte baço
João Habitualmente, in "Um dia tudo isto e será meu (uma antologia)", Porto Editora, 2019.
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