"Dir-se-á que
hoje cada vez menos se lê. Não é assim. Há motivos de preocupação, mas não
devemos simplificar. Há excelentes leitores, ao lado dos renitentes. Essa é a
experiência corrente. Conto os exemplos mais diversos, a começar nos leitores
compulsivos, para quem se aplica o que nos diz Marcel Proust, e os pouco
motivados. O meu conselho é sempre de que a leitura do puro prazer não pode
confundir-se com sacrifício. Do que falamos é da leitura que dá gosto e que
permite entender melhor o mundo e a vida…. Ler é um sinal de atenção e de
cuidado. A leitura atenta permite tomar contacto com a cultura e as artes e ter
a informação sobre a realidade que nos cerca – desde a comunidade em que
vivemos às bulas de medicamentos. Temos de ser exigentes. Tanto se salvam vidas
com a leitura motivadora de um poema como com a leitura de boa informação
médica ou cívica. Não há, porém, receita
para criar leitores. Criam-se bons leitores pelo bom uso da língua e de uma
comunicação clara, compreensível, correta e atraente."
Guilherme d´Oliveira Martins, in A Paixão das Ideias, Jornal de Letras, Abril 2020.
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