Séri "Merlí" na RTP Play |
Na Grécia Antiga de Aristóteles existia uma escola (os Peripatéticos), criada por este, que tinha como missão realizar um itinerário com uma questão e onde o
percurso só estaria concluído quando a interrogação estivesse resolvida. Pensar
que o ensino da Filosofia possa dar uma boa série e cativar audiências foi o
móbil da série “Merlí”, escrita por Héctor Lozano, cabendo a direcção de
actores de Eduard Cortés. Ao todo foram quarenta episódios que se aprimoraram na Catalunha, no canal TV3, espalhando-se a seguir pelos canais televisivos do mundo inteiro, tendo a sua exibição ocorrido em Portugal, através da RTP2.
Merlí (Francesc Orella), o professor de Filosofia,
transporta consigo o carisma da docência filosófica e ainda os procedimentos pouco habituais do seu "modus operandi", instalando, por isso, a desorientação junto dos seus colegas tal como nos alunos debutantes da disciplina de Filosofia. No
entanto, o seu lado humanista, isto é, mais próximo e compreensivo junto dos discentes, sobretudo pelo lado afectivo, ganha ascendência junto
destes, aumentando naturalamente a sua influência. Ele é o professor de Filosofia que
pretende que os seus alunos contemplem e absorvam a Filosofia como algo estimulante,
instiga à autonomia do pensar, invectiva a crítica e lança a dúvida permanente, ao mesmo tempo que fomenta o espírito de grupo junto da turma, ressaltando desta forma o melhor de cada um.
Neste formato televisivo, um episódio da série "Merlí" dá-se em cinquenta
minutos e todos eles contém o pensamento de um filósofo, com situações de aula e
diálogos dedicados a cada um dos filósofos - Hannah Arendt, Nietzsche,
Schopenhauer, Thomas Hobbes, Albert Camus, Kierkegaard, Karl Marx, Kant, David
Hume, entre tantos outros. A série conta com bons actores e um contéudo da sala de aula instigante e bastante apelativo. Esta não deve ser tida como modelo para a actividade docente mas pode ser entendida como uma boa fonte de inspiração, um motor de compreensão rápido do que é ensinado pela Filosofia no secundário e uma forma muito lúdica de entender ou tentar perceber a juventude estudantil actual.
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