domingo, 14 de junho de 2020

"Merlí": Uma série catalã à volta da Filosofia

Séri "Merlí" na RTP Play
Na Grécia Antiga de Aristóteles existia uma escola (os Peripatéticos), criada por este, que tinha como missão realizar um itinerário com uma questão e onde o percurso só estaria concluído quando a interrogação estivesse resolvida. Pensar que o ensino da Filosofia possa dar uma boa série e cativar audiências foi o móbil da série “Merlí”, escrita por Héctor Lozano, cabendo a direcção de actores de Eduard Cortés. Ao todo foram quarenta episódios que se aprimoraram na Catalunha, no canal TV3, espalhando-se a seguir pelos canais televisivos do mundo inteiro, tendo a sua exibição ocorrido em Portugal, através da RTP2.
Merlí (Francesc Orella), o professor de Filosofia, transporta consigo o carisma da docência filosófica e ainda os procedimentos pouco habituais do seu "modus operandi", instalando, por isso, a desorientação junto dos seus colegas tal como nos alunos debutantes da disciplina de Filosofia. No entanto, o seu lado humanista, isto é, mais próximo e compreensivo junto dos discentes, sobretudo pelo lado afectivo, ganha ascendência junto destes, aumentando naturalamente a sua influência. Ele é o professor de Filosofia que pretende que os seus alunos contemplem e absorvam a Filosofia como algo estimulante, instiga à autonomia do pensar, invectiva a crítica e lança a dúvida permanente, ao mesmo tempo que fomenta o espírito de grupo junto da turma, ressaltando desta forma o melhor de cada um. 
Neste formato televisivo, um episódio da série "Merlí" dá-se em cinquenta minutos e todos eles contém o pensamento de um filósofo, com situações de aula e diálogos dedicados a cada um dos filósofos - Hannah Arendt, Nietzsche, Schopenhauer, Thomas Hobbes, Albert Camus, Kierkegaard, Karl Marx, Kant, David Hume, entre tantos outros. A série conta com bons actores e um contéudo da sala de aula instigante e bastante apelativo. Esta não deve ser tida como modelo para a actividade docente mas pode ser entendida como uma boa fonte de inspiração, um motor de compreensão rápido do que é ensinado pela Filosofia no secundário e uma forma muito lúdica de entender ou tentar perceber a juventude estudantil actual. 

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