quarta-feira, 10 de junho de 2020

sono

o vento velho chora com cinzas o mar dourado
onde devagar e triste se afasta o dia
morre a conversa severa e leal e um suspiro
levanta-se entre os pinhos escuros
pálido o passo fugidio da lua

no fundo e em silênco
mãos futuras vão a caminho do
trabalho nas ribeiras e raízes

nas nuvens porém descansam
olhos agora supérfluos
todos fecham as asas finas
na rígida luz estrelada 

Lucebert, in revista Grotta nº4, Arquipélago de Escritores (Dossier Lucebert, tradução de Jos van der Hoogen, Daniel Rocha e Arie Pos), Junho de 2020. 

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