sábado, 6 de junho de 2020

Um Soneto de Luíz Vaz de Camões

Já a roxa e clara Aurora destoucava 
Os seus cabelos de ouros delicados
E das flores os campos esmaltados
Com cristalino orvalho borrifava;

Quando o formoso gado se espalhava
de Sílvio e Laurente pelos prados;
pastores ambos, e ambos apartados
de quem o mesmo Amor não se apartava.

Com verdadeiras lágrimas, Laurente 
-Não sei -, dizia, -ó Ninfa delicada,
Porque não morre já quem vive ausente 

Pois a vida sem ti não presta nada.
Responde Sílvio:-Amor não o consente,
que ofende as esperanças da tornada.

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