"Regressada a paz aos oceanos, Knud sente a necessidade de voltar a velejar para recolher material para a sua escrita e traça um objetivo: Açores. Finalmente chegara a hora de visitar as “ilhas abençoadas e temíveis”. Sonda marinheiros que vai encontrando para saber mais sobre o arquipélago, mas não consegue mais do que histórias ouvidas e recontadas. Toda a viagem é preparada a partir das informações que recolhe nas bibliotecas e enciclopédias. Toma notas sobre tudo o que lê: história, cultura, clima, geografia e geologia. Procura um veleiro e a escolha recai sobre o Sejleren, mais uma vez um velho pesqueiro sueco de onze metros. Os planos revelam-se difíceis, o núcleo familiar alargara-se e a guerra consumira recursos. Os preparativos e os custos da equipagem exigem agilidades financeiras, mas não terá sido difícil convencer a família Andersen, toda ela contagiada pela folia do mar e cansada das insanidades e provações da guerra. Um revés de última hora ameaça a viagem, as autoridades consulares portuguesas negam os vistos de entrada e, perante a insistência de Knud, ameaçam mesmo com a detenção ao primeiro desembarque em porto nacional. O escritor não se deixa abalar, embarca a família no Sejleren juntamente com livros, instrumentos musicais e jogos. Escreve a primeira entrada no diário de bordo: “Para os Açores ou para o Inferno! Dia 16 de abril de 1947, 12:00 horas”. Está dado o mote de partida. Knud tinha então 57 anos e esta seria a sua última grande viagem oceânica."
in "A Folia do Mar" de
Elísio Marques e ilustração de André Chiote, in Revista FALTA nº2.
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