Há uma violência feroz no
ar e depois há o mar
diz a antena, o écran, talvez o radar
é tempo do sacrifício, ossos contínuos
do ofício, desafios, por fios silenciamos
anda ver arder em Agosto o nosso sol
como um desgosto todo o ano
ninguém ganha uma pátria por acaso
ninguém nasce aqui por engano
ter um país é ter uma casa e não
um acaso de que só agora acordamos
Os teus dedos dão o sinal
há uma mão que o teu cabelo penteia
o país do risco ao meio no mapa
pisa o chão e calcorreia sem limite
é esse o nosso único propósito
depositar esperanças no sol e no vento
correria louca dos santos e dos mártires
desperta em nós floração
Quem viu a semente ser lançada?
pequena lembrança de um gesto
um balão rebenta em cores
cavalo rosa move-se a planar
subirá, subirá, subirá
Há um miolo de festa na boca
coro entrelaçado de gente
cai no chão aquecido embrulhado
urgente despe-se à luz de um tecido
levanta-se o véu sem escarcéu
e teme esta secular resistência
defendendo o corpo a corpo
enérgico o toque do sono
dá toque a reboque e cresce
entrada tardia em cena
riso cândido não é derrota
é o carrossel da animação
há a rapidez ao rodar da estação
entrou o Outono terminou o verão
desce à tristeza vem à melancolia
caro contentamento do adeus, enfim,
vitória ao vento, bóias ao mar,
pintar o quadro romper o círculo
Como foi possível chegarmos aqui?
Trazemos duas tábuas nos braços
chove tanto em Penafiel
laço antigo guarda-chuva caído
janela entreaberta e espreitar
vestidos e cortinados à porta
um raio contínuo de luz que entra
o capacete barroco ilude a queda, a morte,
veloz tirania do tempo presente
impaciente volúpia que rasga
gradação incerta da luta
graciosidade humana da criação
explode em brilho até o foguete cair
Nós?
diz a antena, o écran, talvez o radar
é tempo do sacrifício, ossos contínuos
do ofício, desafios, por fios silenciamos
anda ver arder em Agosto o nosso sol
como um desgosto todo o ano
ninguém ganha uma pátria por acaso
ninguém nasce aqui por engano
ter um país é ter uma casa e não
um acaso de que só agora acordamos
Os teus dedos dão o sinal
há uma mão que o teu cabelo penteia
o país do risco ao meio no mapa
pisa o chão e calcorreia sem limite
é esse o nosso único propósito
depositar esperanças no sol e no vento
correria louca dos santos e dos mártires
desperta em nós floração
Quem viu a semente ser lançada?
pequena lembrança de um gesto
um balão rebenta em cores
cavalo rosa move-se a planar
subirá, subirá, subirá
Há um miolo de festa na boca
coro entrelaçado de gente
cai no chão aquecido embrulhado
urgente despe-se à luz de um tecido
levanta-se o véu sem escarcéu
e teme esta secular resistência
defendendo o corpo a corpo
enérgico o toque do sono
dá toque a reboque e cresce
entrada tardia em cena
riso cândido não é derrota
é o carrossel da animação
há a rapidez ao rodar da estação
entrou o Outono terminou o verão
desce à tristeza vem à melancolia
caro contentamento do adeus, enfim,
vitória ao vento, bóias ao mar,
pintar o quadro romper o círculo
Como foi possível chegarmos aqui?
Trazemos duas tábuas nos braços
chove tanto em Penafiel
laço antigo guarda-chuva caído
janela entreaberta e espreitar
vestidos e cortinados à porta
um raio contínuo de luz que entra
o capacete barroco ilude a queda, a morte,
veloz tirania do tempo presente
impaciente volúpia que rasga
gradação incerta da luta
graciosidade humana da criação
explode em brilho até o foguete cair
Nós?
Existimos.
(texto escrito a 27 de
Setembro de 2012, enquanto assistia ao espectáculo "Arraial" da
companhia Circolando no Mosteiro São Bento da Vitória, com o sonoro apoio dos Dead
Combo)
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