Tínhamos
muitas saudades de ver filmes de Nanni Moretti no grande écran: a sua ironia, o seu desplante crítico, a sua
forma prazerosa de fazer cinema e estar na vida. “Três Andares” não
tem nada disso, não há ironia, nem identificação fácil com um único personagem.
É um filme duro, tal como o tempo que nos encontramos a viver. Os seres humanos, ali evidenciados, colocam-nos questões, as vidas dos condóminos não são a preto
e branco e, talvez por isso, saímos dali sem nenhuma certezas sobre o bem e o mal. Baseado
num romance do israelita Eshkol Nevo, o filme “Três Andares” é um outro Moretti
que emerge, muito mais próximo de Thanatos do que de Eros, ainda que haja redenção
no fim de tudo isso.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2021
"Três Andares" de Nanni Moretti no Teatro Micaelense
“O
ser espectador de cinema conta muito na minha vida. Quando, durante a pandemia,
esperei que reabrissem as salas, não quis vender "Três Andares" à Amazon, à Disney,
etc. Esperei que as salas abrissem. Fi-lo porque ainda antes de ser realizador,
produtor ou exibidor, falo como espectador. Uma das coisas que mais me faltaram
durante o lockdown foi ir ver os filmes em sala. Não é uma questão ideológica ou nostálgica. Faz parte estruturalmente da minha vida, dos meus dias.”
Nanni
Moretti, Ípsilon, 5 de Novembro de 2021.
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