Cartaz de José Brandão |
A Figueira da Foz, naqueles dias setembrinos, era o "farol" da sétima arte. Era lá que encontrávamos outros membros dos cineclubes de Portugal e estrangeiros, realizadores de cinema, amantes das imagens na tela e outros tantos curiosos da sétima arte. Muitos de nós éramos estudantes e, talvez por isso, havia um forte apoio nos transportes para ali chegar, na estadia e alojamento, bem como na alimentação necessária ao visionamento de várias jornadas cinematográficas ou ainda reduções no passe geral.
Desta feita, rumar à Figueira por estes dias de Setembro era sinónimo de lazer misturado com descoberta da essência das imagens em movimento. Quem quisesse aprender em conjunto havia ainda tempo para ir às palestras matinais de Pierre Dumont, naquelas sessões apelidadas de “Quoi dire aprés le film?”. E, muito facilmente, sentados nos bancos e esplanadas se avistava e falava com gente conhecida na realização – Samuel Fuller, John Mekas, Fernando Lopes, entre tantos outros. Ou ainda aquele famoso transeunte que, de cada vez que nos encontrava, nos decidiu cunhar com um pleonasmo, ao referir-se aos "Cinéfilos da Sétima Arte", o grupo dos que chegavam à cidade por esta altura.
Por último, convirá referir que a organização do Festival, sobretudo nas últimas edições, faz agora vinte anos da última edição, em 2002, nem sempre foi pautada pela perfeição, no entanto, graças à boa vontade e entusiasmo, tudo era superado por essa liberdade e disponibilidade de ver filmes sem critério, à deriva, à
semelhança destes dias em que dizemos adeus à estação dos grilos e das melancias e vamos, assim, retomando labores e compromissos.
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