De
forma surpreendente e elegante deu-se a rentrée musical em São Miguel, mais concretamente
na Ribeira Grande e no seu mais que belíssimo teatro centenário, o Ribeiragandense. Foi no sábado,
dia 10, com uma sala bem preenchida e com uma plateia atenta e ansiosa
por escutar inicialmente a música do guitarrista canado-terceirense, de nome
singular: Jonathan. Sim, é de origem terceirense, já que regressou muito tenro
do Québec, no Canadá. A sala estava escura e ele, no auge da sua timidez e
nervosismo, começou por augurar um bom espectáculo, referindo também nas suas
palavras que se trataria de uma viagem musical. Jonhathan parece ter a guitarra como extensão do seu corpo, a respiração e cadência sente-se e é notória para quem assiste
de longe. É urgente gravar estas
deambulações sonoras, são cordas à solta com trinados de grande fulgor. Algumas mesmo em delírio, errantes, outras em porto
seguro. E, sejamos sinceros, quem entrou neste enleado sonoro só se pode dar
por feliz, extenuado, contente por saber-se tonto, exausto. Não, não era ukelelé, mas aquelas
cordas navegantes cativam, serpenteiam, são águas agitadas e profundas daquele
modo ilhéu nervoso, numa contensão imprevista, sedutora até à exaustão.
Desta feita, os PMDS passearam-se em palco propondo múltiplas viagens, e num desses itinerários tinha por título "Berlin", evocação da capital alemã, contando também com um público “amigo e familiar”, que estava atento e cativo das camadas e atmosferas sonoras provenientes da dupla. Podíamos, evidentemente, destacar uma paleta variada de influências dos PMDS, como os Kraftwerk ou Tangerine Dream à cabeça, mas há algo de particular e distinto que nos transporta para um lugar outro ainda por nomear. Ou, muito simplesmente, a vontade de agradecer este devaneio musical produzido na ilha maior!
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