“Estes textos, que se
tornaram “objecto” graças à perícia do Luís Henriques e do Pedro Santos, foram
escritos durante a ressaca amena de uma dessas feiras do livro. Partem de
situações e de pessoas concretas, denunciam graças e misérias que não serão exclusivas
da poesia. Esta é, em rigor, uma arte verbal (ou, não poucas vezes, uma
arrogante impostura). Mas não é abusivo encontrá-la no cinema de António Reis e
de João César Monteiro. Ambos escreveram poemas, como é sabido, mas foi talvez
no cinema que atingiram a mais alta expressão poéticas de que eram capazes.
César renegou todos os seus poemas: Reis apenas uma parte. Ali ao lado, na
Travessa do Patrocínio, Fernando Assis Pacheco ouvia Jack Teagarden e Chet
Baker, enquanto realizava (em verso) alguma das melhores curta-metragens do
século XX.”
in “Comércio
Local- Jardim da Parada”, Manuel de Freitas, edição Paralelo, Maio de 2018.
Sem comentários:
Enviar um comentário