Mariana Pacheco de Medeiros
apresentou, neste último fim de semana, na blackbox do Centro de Artes,
Arquipélago, Ribeira Grande, a sua performance teatral intitulada “A Loba”. Ao
todo cinco sessões, sempre com a sala composta e com bilheteira esgotada algumas
horas antes. Houve também tempo para apresentações escolares e ronda de debate
e discussão pública.
“Loba” recria em cena os rituais de passagem para a idade adulta, a afirmação da sexualidade e os valores da feminilidade, a necessidade de fantasia e ainda de transformação, associados à arte e evasão pessoal. O mote é-nos dado pela evocação do célebre “Conto do Capuchinho Vermelho”, sendo que a saída para o baile de debutantes rondará a “floresta” até ao cair do pano. Por momentos, observamos um corpo que dança e que se manifesta, como se o mundo estivesse suspenso perante os espelhos dos caminhos que se abrem e multiplicam. Qual é o destino desta “Loba”?
A performer/actriz surpreendeu o público presente numa recepção íntima do banho, narrando num registo autobiográfico a sua visão de mundo, convidando a audiência a segui-la neste seu relato pessoal. A audiência sentou-se, assim, diante de uma banheira ao mesmo tempo que se projectavam na parede vídeos em simultâneo que aludiam ao conteúdo sonoro escutado. Enalteça-se, pois, a coragem e ousadia inicial desta “Loba” – a água como ritual iniciático e fundacional – despertando os sentidos para os elementos cénicos em disputa, mantendo sempre a tensão e o suspense sem nunca atingir o clímax. Deste modo, enquanto decorriam as várias projecções, escutava-se uma narrativa de permeio, permitindo à assistência ingressar naquela intimidade – memórias e lembranças daquele corpo feminino em crescimento, visualizado esse quebrar de convenções, esse desejo e ânsia de viver, um protesto libertador que visa acalmar e, por fim, "quando a barriga estiver cheia, adormecer".
“Loba” recria em cena os rituais de passagem para a idade adulta, a afirmação da sexualidade e os valores da feminilidade, a necessidade de fantasia e ainda de transformação, associados à arte e evasão pessoal. O mote é-nos dado pela evocação do célebre “Conto do Capuchinho Vermelho”, sendo que a saída para o baile de debutantes rondará a “floresta” até ao cair do pano. Por momentos, observamos um corpo que dança e que se manifesta, como se o mundo estivesse suspenso perante os espelhos dos caminhos que se abrem e multiplicam. Qual é o destino desta “Loba”?
A performer/actriz surpreendeu o público presente numa recepção íntima do banho, narrando num registo autobiográfico a sua visão de mundo, convidando a audiência a segui-la neste seu relato pessoal. A audiência sentou-se, assim, diante de uma banheira ao mesmo tempo que se projectavam na parede vídeos em simultâneo que aludiam ao conteúdo sonoro escutado. Enalteça-se, pois, a coragem e ousadia inicial desta “Loba” – a água como ritual iniciático e fundacional – despertando os sentidos para os elementos cénicos em disputa, mantendo sempre a tensão e o suspense sem nunca atingir o clímax. Deste modo, enquanto decorriam as várias projecções, escutava-se uma narrativa de permeio, permitindo à assistência ingressar naquela intimidade – memórias e lembranças daquele corpo feminino em crescimento, visualizado esse quebrar de convenções, esse desejo e ânsia de viver, um protesto libertador que visa acalmar e, por fim, "quando a barriga estiver cheia, adormecer".
Porventura, alguma profusão e
dispersão de imagens fosse desnecessária tal como a introdução da voz natural
combinasse melhor com alguma artificialidade pela voz gravada e consequente distanciamento. No entanto,
é caso para referir que este “Loba” é um gesto teatral/performativo forte e intenso,
ao que parece tão radical e urgente num tempo de retrocessos e fechamentos.
Por último, uma referência à música
presente na “Loba” , dado que esta está carregada de dramatismo e balanço, com os devidos
parabéns a Elliot Sheedy, tornando este momento altamente criativo, com
relativa emoção e expressividade, deliciando e cativando a assistência que se deslocou à blackbox do Centro de
Artes Contemporâneas, Arquipélago.
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