terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Poema de Sebastião Belfort Cerqueira

Pink Floyd

O mar desapareceu
É o mesmo mundo

Como a manhã
Viemos pra casar o sol na pele
E os mistérios do fundo

Sabemos dos naufrágios 
De invernos só nossos
Que agora poderíamos 
Confessar aos muros

Mas sabemos sentir
O frio nos ossos 
Com o sol na pele
E nos óculos escuros
E o vento na cara 
E o sal nos dedos 

O mar desapareceu 
O mar voltou 
E apesar dos nossos piores medos

in Música Normal, Companhia das Ilhas, Janeiro de 2021. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

FALTA#5: Amanhã, às 18h, na Cagarra!

               Decorria a Primavera de 2018 quando começámos a pensar na edição zero da FALTA dedicada ao nome que foi atribuído ao conjunto destas páginas. Em cinco anos, mesmo com uma pandemia pelo meio, seguiram-se edições dedicadas à Falha, à Folia, ao Falso, à Força e, agora, também porque nos encontramos a meio do atlântico, concluímos um número dedicado à Fauna/Flora. Desta feita, acolhemos por aqui o Coletivo do Homem do Saco que obteve carta branca para criar e mostrar muito daquilo que eles tanto gostam e sabem fazer: a impressão serigráfica! Sobre o conteúdo desta FALTA#5, é caso para dizer que continuamos com muitas participações e pessoas que deram contributos em áreas tão diversas e de geografias tão distintas, à semelhança das páginas com os “Açores” dentro que reflectem a diversidade da ilha e do arquipélago onde vivemos. Neste número cinco, destacamos a entrevista à cantora Rita Costa Medeiros, o Questionário Marado, que questionou a realizadora de cinema documental, Amaya Sumpsi, o Quizazórico, e o Interrogatório ao activista ambiental de grande reputação e repercussão internacional - Antero Vale da Ribeira.
            Nesta sexta edição está incluída, via encarte, a partir de 8 desenhos diferentes em matrizes de papel, uma série de 250 provas gofradas de formatos variáveis do artista plástico, João Decq, impressas em cartolina azul de 280 gr.
          No lançamento da fanzine está também prevista a atuação dos, WE SEA, desta vez, em duo, que irão tocar quatro temas “à capela e à cagarro”.

FALTA 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

"Breve" de Rui Costa

Esta manhã comecei a esquecer-me de ti.
Acordei mais cedo que nos outros dias
e com o mesmo sono.
A tua boca dizia-me "bom dia" mas não:
não o teu corpo todo como nos outros dias.
As sombras por aqui são lentas e hoje não
comprei o jornal: o mundo que se ocupe da
sua própria melancolia.
ontem. há uma semana. há muitos meses.
um ano ensina ao coração o novo ofício:
a vida toda eu hei-de esquecer-me de ti.

in "A Nuvem Prateada das Pessoas Graves", Quasi Edições, Maio de 2005.

O Impensável ( 1 ano depois)

Capa do Libération
(25 de Fevereiro de 2022)
 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

FALTA#5: Os Gofrados de João Decq

  


         "Para este número 5 da FALTA: Fauna e Flora, propõe-se uma série de 250 provas gofradas de formatos variáveis, impressas em cartolina azul de 280 gr., incluídas na revista via encarte, a partir de 8 desenhos diferentes em matrizes de papel."


                    João Decq

domingo, 19 de fevereiro de 2023

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

FALTA#5: Data de Lançamento?

Capa do Colectivo do Homem do Saco 
 

Liberdade de Expressão

  "A liberdade de expressão implica que o mundo não esteja definido. Só faz sentido quando se permite que as pessoas possam ver o mundo à sua maneira"

Ai Weiwei, in Jornal Público, sábado 11 de Fevereiro, 2023.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Provérbio

 Fevereiro o mais curto mês e o menos cortês           

                                                                                                                           in Borda D´Água, 2023

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Educação

        "É para isso que serve a educação. Educar é ensinar a escrever português. Deseducar é ensinar o que se deve ler, criar obrigações de ler os autores bons, tentar interferir no que se lê. 
          Ensinam-se as crianças a ler para que saibam ler  ou para que saibam ler o manual de instruções que escrevemos e funcionem exactamente como nós queremos? 
         Posto de outra maneira, é lendo aquilo que queremos que leiam, que elas ganham o gosto de ler? 
     Para aprender a comer é a mesma coisa. O que é preciso ensinar é a escolher. Para educar uma criança é preciso ensiná-la a encontrar o que gosta. Não é enfiar coisas boas pela goela abaixo. Ou induzi-la a vomitar quando se delicia com coisas más. 
      Para educar uma criança é preciso ensiná-la a rejeitar o melhor queijo, e não o pior. É preciso ensiná-la a não gostar do melhor peixe, e não do pior. 
      Educar é ensiná-la a justificar convincentemente, aceitavelmente, as más escolhas que faz, as obras primas que rejeita , os pitéus consagradíssimos que detesta. 
        É armá-la para a rejeição. É rejeitando que nos  definimos e identificamos"

Miguel Esteves Cardoso, in "O gato das botas", Público, dia 11 de Fevereiro, 2023.  

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Biografias

 "Heidegger num célebre curso de 1924 sobre Aristóteles resolveu de maneira categórica, como um epitáfio, a questão da monumentalização biográfica, dizendo que a única coisa a registar na biografia de um filósofo é que nasceu em tal época, trabalhou e morreu."

António Guerreiro, in "Contra as biografias", Ípsilon, 10 de Fevereiro de 2023. 

João Botelho e a "Oneilliana" Melancolia!

Um Filme em Forma de Assim de João Botelho
         O realizador João Botelho fez um filme cheio de palavras do Alexandre O´Neill. Este foi um grande poeta, um verdadeiro artesão na arte de bem tratar a língua portuguesa e um amante da capital portuguesa, a Lisboa onde nasceu e viveu. Durante o filme percebemos a importância da biografia literária escrita pela Maria Antónia Oliveira e também do ritmo e da força dos versos de um poeta que vagueava pelas ruas, frequentava tascas e a boémia lisboeta. "Um Filme em Forma de Assim" pode ter muito artificio mas também sabe como fazer vibrar esta "Oneilliana" melancolia à portuguesa!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Obrigado, Gregory Le Lay (1977-2023)

      O artista plástico Gregory Le Lay (nascido em Toulon, em 1977) deixou o mundo dos vivos esta semana. Todos os que o conheceram de perto sentiram um profundo abalo pelo seu súbito desaparecimento, já que ele era altamente criativo e um verdadeiro parceiro na dinamização das artes plásticas na ilha. Durante os anos em que esteve connosco fundou a Brui, uma galeria que se se tornou um pólo de agitação cultural pontadelgadense–exposições, ateliers, concertos e apresentações de fanzines. O Greg, tal como era conhecido, andava entusiasmado com a residência artística que estava a fazer na Escola Secundária Antero de Quental. Ele gostava de ver as coisas em movimento, tinha muito gosto em ajudar os outros a realizar e concretizar projectos. Ele tinha muito prazer em desenhar! E ria muito, sempre! Obrigado por tudo, Greg!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

"O Incêndio" de João Luís Barreto Guimarães

 Alguém tem de amar
o banal. Alguém tem de tratar disso. Os 
rostos que passam idênticos 
como os pombos 
de uma praça. A mala 
que apenas fecha se alguém
se senta em cima. Insectos suicidando-se 
contra o brilho dos faróis. O apetite
da ferrugem 
nos portões da avenida. Alguém
tem de amar o vulgar (falar 
do que é 
ordinário). O cheiro a peixe frito que
sobe desde a cozinha. As luas que nascem dos
dedos quando
se roem as unhas. Alguém tem de amar 
o que é feio
(trazê-lo para o poema). Só assim
por entre o impuro pode o
incêndio acontecer. 

in "Aberto Todos os Dias", Quetzal, Janeiro de 2023.  

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Um Poema de Herberto Helder

 e eu que me esqueci de cultivar: família, inocência,
                                                                  delicadeza,
vou morrer como um cão deitado à fossa!

in "A Morte Sem Mestre", Porto Editora, 2014.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Verso dos Young Marble Giants

 Waiting up half  the night 

Da Visão

        "Toda a gente diz: sim, sabemos o que está escrito nos livros, mas agora vamos ver o que nos dizem os olhos."                                
                                                                                                                                                Bertol Brecht