Alguém tem de amar
o banal. Alguém tem de tratar disso. Os
rostos que passam idênticos
como os pombos
de uma praça. A mala
que apenas fecha se alguém
se senta em cima. Insectos suicidando-se
contra o brilho dos faróis. O apetite
da ferrugem
nos portões da avenida. Alguém
tem de amar o vulgar (falar
do que é
ordinário). O cheiro a peixe frito que
sobe desde a cozinha. As luas que nascem dos
dedos quando
se roem as unhas. Alguém tem de amar
o que é feio
(trazê-lo para o poema). Só assim
por entre o impuro pode o
incêndio acontecer.
o banal. Alguém tem de tratar disso. Os
rostos que passam idênticos
como os pombos
de uma praça. A mala
que apenas fecha se alguém
se senta em cima. Insectos suicidando-se
contra o brilho dos faróis. O apetite
da ferrugem
nos portões da avenida. Alguém
tem de amar o vulgar (falar
do que é
ordinário). O cheiro a peixe frito que
sobe desde a cozinha. As luas que nascem dos
dedos quando
se roem as unhas. Alguém tem de amar
o que é feio
(trazê-lo para o poema). Só assim
por entre o impuro pode o
incêndio acontecer.
in "Aberto Todos os Dias", Quetzal, Janeiro de 2023.
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