sábado, 25 de março de 2023

Alucinação à Beira-Mar

Um medo de morrer meus pés esfriava
Noite alta. Ante o telúrico recorte,
Na diuturna discórdia, a equórea coorte 
Atordoadamente ribombava 

Eu, ególatra, céptico, cismava 
Em meu destino!...O vento estava forte 
E aquela Matemática da Morte 
Com os seus números negros, me assombrava!

Mas a alga usufrutuária dos oceanos 
E os malacopterígios subraquianos 
Que um castigo da espécie emudeceu 

No eterno horror das convulsões marítimas
Pareciam também corpos de vítimas 
Condenadas à Morte, assim como eu!

Augusto dos Anjos in Doutor Tristeza, Mia Soave, Novembro de 2015

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