"A organização ocupa parte da vida do bibliófilo e é também uma das suas maiores aflições. Há quem arrume livros por épocas ou por ordem alfabética - há até um cliente famoso entre os alfarrabistas que organiza os livros pelas livrarias em que os comprou - e quem opte simplesmente por uma organização afectiva. No entanto, ninguém, viva numas minúsculas águas-furtadas na Mouraria ou num castelo no Vale do Loire dispõe de espaço suficiente para os livros. Não há bibliófilo que não compre mais livros do que aqueles que cabem no espaço disponível, e que não sofra com a compra dos 11 volumes do Dicionário de Morais ou com os 65 da História de Espanha por Menéndez Pidal por não saber onde os há-de pôr. Alguns livros jazem assim indefinidamente em escritórios e armazéns à espera de qualquer milagre da multiplicação do espaço que permita ao bibliófilo ter a sua biblioteca finalmente reunida e organizada."
Carlos Maria Bobone, in A Religião dos Livros, Fundação Francisco Manuel dos Santos
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