ao Manuel António Pina
isso que assobia nos meninos de bairro,
racionada farinha da primavera
siderado papel sem tintas de morte
amadurando no amor
(e o amor ciente disso),
isso
que lia como notícias da fome em África
racionada farinha da primavera
siderado papel sem tintas de morte
amadurando no amor
(e o amor ciente disso),
isso
que lia como notícias da fome em África
Meia maçã tão só seguiu a lei de Newton
tomou para si a larva outra metade
e cinge a gigante vermelha, num rapto,
o caroço mesmo da branca anã
As fivelas que mastigo
contra o céu da boca,
as espaldas do olhar
esmoendo-se em pó
como se respirasse contra a evidência
de alguém que tropeça
num fio de oxigénio.
in Berçário, Quasi Edições, Maio de 2004.
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