A Deflexão da Luz nos Teus Olhos
Bebo ainda do azul que tu
és de um modo diário
repartido pelos minutos
quase comensal
como se mergulhasse todas
as tardes no mar
com o teu nome nos pulsos
duas mãos cheias de sol
e o teorema do poema
perfeito
Mas enquanto nado para
longe de ti
o recorte do verso que
comigo fende a água
traz inscritas as rugas
desse sorriso
que penúltimas ondas
ofertam às sílabas
Também nisso estamos
juntos - a deflexão da luz
nos teus olhos é
simétrica do meu cansaço ao nadar
Paulo Ramalho,
in Órbitas Elípticas em Torno do Silêncio, apresentação na Livraria
Letras Lavadas, dia 22 de Novembro de 2024.
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