Ilustração de Pedro Valim |
Comecemos assim pela singularidade e estranheza do título: “É na Terra não é na Lua”! O filme foi exibido no dia 7 de Outubro, no Auditório de Vila do Conde, numa proposta do cineclube local. Este super premiado documentário remete para o afastamento e isolamento deste lugar terrestre com apenas 17 quilómetros e 440 habitantes. O realizador Gonçalo Tocha, acompanhado por Dídio Pestana, faz aqui demanda às suas raízes açorianas com o objectivo de fixar o presente corvino em película, revelando-nos assim a ilha mais pequena do arquipélago bem como um gorro tecido por mãos que ligam o passado ao presente. O escritor Raul Brandão, também ele, deixou-se fascinar pelo Corvo em 1924 e onde viria a escrever dois anos depois nas “Ilhas Desconhecidas”: "Aqui acabam as palavras, aqui acaba o mundo que conheço; aqui neste tremendo isolamento onde a vida artificial está reduzida ao mínimo só as coisas eternas perduram.” O filme do Gonçalo Tocha e Dídio Pestana é um milagre que agora está acessível a todos - acaba de sair em DVD - aproximando-nos assim do Corvo, essa pequena ilha com alma de gigante guardada no meio do atlântico.
Gosto. Confesso um certo ciúme da atenção dada a um trabalho feito numa terra que jaz debaixo dos meus olhos durante os últimos seis anos. Será que subjugámos os seu potencial cénico, terá sido por viver no paraíso que este se fundinde com a realidade, por não conseguirmos fazer tudo, ou sempre o soubemos (ou quem sabe mérito do próprio Tocha ;)
ResponderEliminarEste filme é muito digno, a forma como filma o corvo e os corvinos. Como português, fico muito feliz pela viagem que o filme fez e o Gonçalo Tocha está de parabéns.
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