Na rugosa
espiritualidade de Angra aberta. Não estava ninguém. Só solidão, silêncio e
dragoeiros fechados. Voltaria amanhã se estes se cobrissem de brisa e de seiva.
Quando se acerta em cheio no sulco da terra eis a devida recompensa. Presta-se
ao sofrimento, dilui-se na bruma, nunca merecida. E no entanto o aconchego
apresentava-se em linha, num tronco por rasgar, num carreiro indefinido. Nada é seguro. Tudo
me faz querer voltar a cada momento a essa desenvoltura, como um segredo que
nasce e o sol fosse breve e subtil na sua incandescência que se compõe de
eloquência hábil e transbordante. Enganas-me sempre com a convulsão infinita
pois espero que a mensagem seja fugaz e legível. É pomba morta e a língua
deixasse de existir entre nós. Recomeçávamos sempre de um requinte inventado e
sofrido pela involuntariedade sentida: o padecimento e a esperança. Queríamos
acreditar. Nada me levanta as certezas a não ser agora a tradução de um
manifesto vivido a correr. Aos prantos. Numa aflição súbita. Entretanto,
satisfaço a curiosidade formigueira e aceito por agora a mágoa. Instinto ardente e
aliciante sem que alguém traduza este eterno desencanto. A chama apagou-se e
não me sinto capaz de me oferecer em geometrias variáveis e confusas aos novos
caminhos do vento. Já nada faz sentido e viajo até investigar a possibilidade
que cabe num pequeno bolso, o resto é difícil apreender do mundo, em
desconfiança completa, a felicidade gerada a desilusão de haver esquecido o
gesto em si. E assim a dor bate à porta. Outra vez. Vento despedaçante, água
que cobre, neblina que cega. O mal já foi feito. E ainda há o vinho que é um
amigo das noites sem nuvens, o encanto da cidade adormecida, ausente,
despovoada. Nos membros espessos, extenuados, sinto já o peso da viagem que é
um ensejo e é um templo de carência que pede há tanto tempo povoamento. Quanta
beleza, quanta riqueza e pobreza conjugadas. Não sei porque me rio e deixo
transparecer uma cândida nostalgia. Saudades de uma coisa que nunca vivi sem
consequência do desespero habitado e secular. A pensão do desamor é já ali e a
mente escorrega, desliza, e permite dizer que vão estar cá todas em plena
comunhão da luz quando partir. Amanhã ainda é invernia e à noite iremos
percorrê-la em farândola aventura. Basta. Estou cansado demais para que isto
talvez possa ser uma forma simples de existência e ficam escolhas e letras numa
madrugada de chuva que cai incessantemente. Esmoreço a pensar demais e a
escrever tão pouco e raramente me adianta esperar nem desesperar ao revés de
tudo aquilo que me foge como um pássaro e devagar acreditar. Como se lentamente
viesse a morte numa suave contagem decrescente e assim aumentasse de feição o
desespero de nada ter conseguido e continuar serenamente idêntico ao meu ponto
de partida este estado de contínua imperfeição.
PS - Escrito a partir
do mote dado por um aprendiz de arquitectura da Old School.
Sem comentários:
Enviar um comentário