Há pessoas que escrevem coisas
íntimas nas paredes de casas que julgam abandonadas. Há dias vi alguém que
escreveu “Amo-te Filipa” na parede da casa onde durmo pelo menos oito horas por
noite. Sempre que abro a porta de casa penso em todas as Filipas e na pessoa
que terá escrito aquela frase. Será que se conhecem?
Li, entretanto, que o nome Filipa
significa o amor pelos cavalos. É um nome grego que os portugueses usam para
dar às raparigas, por vezes no masculino também nos rapazes, mas penso que não é por se
assemelharem aos cavalos ou mesmo às éguas. É um nome que lembra a verdura e a
fertilidade dos campos primaveris.
Da janela de minha casa vê-se uma
marina e é curioso que haja pessoas que, não sei se pais ou mães, apelidam as
suas filhas com este nome que contém o atlântico e outros tantos barcos à vela dentro.
Há barcos com nomes de pessoas
com um olhar que não esqueço. Pessoas que fazem imaginar partidas, regressos,
aventuras, viagens por mares agitados e turbulentos e entradas serenas em portos de abrigo. E enquanto desenho escrevo o nome
delas tatuado no seu olhar carregado de sal e da cor do mar.
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